:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

domingo, abril 24, 2005

A primeira semana de um papa brasileiro...


Posted by Hello


É, todos apostavam que o próximo papa seria brasileiro, como todos erraram, as piadas começara a circular. Encontrei no site Kibe Loko (http://www.kibeloko.com.br/) um texto bastante engraçado, ironizando a eleição de um brasileiro para o cargo de sumo-pontífice. Transcrevo o texto para o deleite de vocês...



18 de abril de 2005- Eleito o novo Papa. É um brasileiro e não desiste nunca.
19 de abril de 2005- O Papa é capa de quase todas as publicações do planeta. As manchetes "É do Brasil!", "O Papa verde e amarelo" e "Papa essa Brasil!" se repetem três vezes cada.- Kleber Machado e Glória Maria apresentam ao vivo a cerimônia de posse do cardeal com comentários do Padre Marcelo Rossi.- Como o Papa passa a ser o brasileiro mais conhecido no mundo, Pelé se irrita, convoca uma coletiva para dois jornalistas e diz que "esse tal de Vaticano aí deve ser argentino, entende?".
20 de abril de 2005- Lula viaja novamente até o Vaticano. Leva com ele a primeira dama, o vice José de Alencar, os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e do senado, Renan Calheiros, os ex-presidentes Itamar Franco, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, todos os ministros, líderes religiosos, Romário, Arnaldo Jabor, Latino e Aloizio Mercadante (o pincher do presidente). Severino Cavalcanti não vai porque está de castigo.- Cai o avião.- Romário dá adeus à carreira (ou a carreira a Deus, tanto faz).- Logo que sabe da trágica morte de Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi vai para o bar Garota de Ipanema e dá uma nota de 20 reais para os sambistas da varanda.- Com a morte do Latino, tem festa lá no meu apê.- A Globo anuncia para a Sessão da Tarde do dia seguinte o filme "Lula - O presidente do povo". A chamada fica assim: "A comovente história do operário que venceu a deficiência física e se tornou símbolo de uma nação, cidadão do mundo e santo milagreiro".
21 de abril de 2005- Severino assume a presidência da república e decreta luto oficial de sete dias e churrasco na granja do torto para a família.- Como não tinha mais filhos, sobrinhos ou periquitos desempregados, o novo presidente nomeia o amigo Fernando Collor como vice.
22 de abril de 2005- Ancelmo Gois publica que oito modelos-e-atrizes se apresentam como viúvas de Romário. Todas elas poderiam ser Miss Saracuruna.- José Simão chama o novo Papa de "Papa-léguas" porque acabou com o AeroLula.- O povo chama o Papa de pé-frio mesmo.
23 de abril de 2005- O apresentador Gilberto Barros chora ao vivo na Band e simula um desmaio.- O apresentador Raul Gil chora ao vivo na Record e simula um desmaio.- O apresentador Gugu Liberato chora ao vivo no SBT e simula um desmaio.- A apresentadora Luciana Gimenez chora ao vivo na Rede TV, mas não simula um desmaio porque não tem nem idéia do que significa a palavra "simula".
24 de abril de 2005- A seleção paraguaia vence o Brasil por 3 a 0 nas eliminatórias da Copa do Mundo.- Enquanto Parreira elogia as atuações de Emerson, Roque Jr. e Cris, Zagallo culpa o Pontífice pela derrota: "'O Papa é azarado' tem 13 letras!" - diz. - O povo tem que engolir.
25 de abril de 2005- João Kleber manda duas "gostosas" vestidas de freiras para testar a fidelidade do Papa brasileiro no Vaticano. O Papa não cai em tentação.- João Kleber promete enviar o Oliver, o Inri Cristo e um grupo de escoteiros na semana seguinte para uma nova investida.
26 de abril de 2005- William Bonner diz, em pleno Jornal Nacional, que o Papa tem uma filha de 18 anos que vive no interior do Paraná. Descobriram pelo Orkut.- Quatro minutos depois a filha do Papa - já batizada pela imprensa de "Bárbara Papa" - recebe convites para sair na Playboy, Sexy, Vip, Paparazzo e num filme da produtora Brasileirinhas.- A moça recusa, mas aceita participar do Big Brother Brasil 6. "Sou uma pessoa do bem, sabe?" - justifica.- Vinte minutos depois o Papa renuncia alegando "problemas de saúde".- "É brasileiro, desiste sempre!", diz a manchete do diário esportivo argentino Olé.
Pois é... melhor acreditarmos que Deus é brasileiro mesmo e ponto final. Afinal, Ele nem tem passaporte para desmentir. E quem tem Deus, Ronaldinho Gaúcho e Robinho no ataque, não precisa de Papa na defesa.

sábado, abril 23, 2005

22 de abril, esqueça tudo o que lhe ensinaram na escola...

(*) Luiz Elias Miranda

Vinte e dois de abril, há quatrocentos e cinco anos hipoteticamente o nosso Brasil era descoberto por Pedro Álvares Cabral que chegava em Porto Seguro pensando que havia aportado nas Índias por via da rota ocidental, oposta a que Vasco da Gama usou em 1498. Não considero que descobrimento seja a palavra mais apropriada, “achamento” como se referiu o naturalista alemão Hans Staden seria mais apropriado.
Antes de tudo, a primeira mentira foi a velha afirmativa que constava nos livros de história de que o Brasil foi ‘descoberto’ por via do acaso. Hoje todos nós (ou pelo menos a maioria das pessoas espero) sabemos que o Brasil não foi descoberto, os portugueses sabiam da existência de uma enorme massa de terras ao sul das terras descobertas por Cristóvão Colombo, por isso tantas brigas entre o rei de Portugal e da Espanha para o afastamento mais para oeste da linha do tratado de Tordesilhas. A rota da expedição de Cabral foi muito bem definida, tanto que após tomarem posse do Brasil, a expedição partiu para as Índias. E Cabral não foi o primeiro europeu a pisar em nosso país, em janeiro de 1500, o explorador espanhol Vicente Yañez Pizón desembarcou no Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco) e, segundo alguns historiadores, franceses estiveram no Brasil até antes que Colombo chegasse a América Central.
Outra coisa que é uma mentira deslavada no “descobrimento” foi o nome dado a nosso país. O Brasil chegou chamar-se de terra dos papagaios, e pela história elitista que nos ensinaram na escola, o nome foi dado por causa da abundância de pau-brasil em nosso território. Mas, em verdade, o nome foi dado por causa da uma antiga lenda européia que versava de uma ilha ao norte da Irlanda chamada Hy Brazil. Em suma, nossa história é permeada pelas linhas traçadas por uma elite, nas palavras dos intelectuais conterrâneos meus Agassiz Almeida e Paulo Bonavides, vilipendiadora, parasitária e entreguista. Nossa história precisa ser urgentemente recontada de forma real e sem as influências desta elite que sempre postergou a maior parte da população dos acontecimentos sociais que, sem ter o que fazer, ficava “à beira da estrada matutando o que diabos seria aquilo que estava a acontecer”
(*) Luiz Elias é estudante de direito pela Universidade Estadual da Paraíba.

terça-feira, abril 19, 2005

Essa foi boa, mas a piada já perdeu a graça...


Posted by Hello


(*) Luiz Elias Miranda


Isto é fato, o PT não tem tratado bem a sua base aliada, não tem retribuído de maneira decente o apoio ao programa de reformas que o partido tem implementado desde o início do governo em 2003. Política governamental é retribuição, lá em Brasília tudo funciona conforme o sistema: “você me ajuda que eu lhe ajudo”. Como o governo não tem recompensado de maneira digna seus aliados eles começam a revoltar-se, o resultado é que o ano legislativo de 2005 já começou com vários partidos saindo da base aliada e engrossando as fileiras da oposição e, conseqüentemente, Lula não tem mais aquela ampla base aliada que começou o governo com uma aprovação tão gigantesca que, em percentuais, havia mais gente “levando fé” no governo que acreditando em Deus.
O ano começou com um fato que é, por incrível que pareça, simultaneamente a maior derrota do governo no poder legislativo e a maior piada nacional desde o regime militar e o “milagre” econômico, a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da câmara dos deputados.
Recentemente estive em um congresso que tratava sobre reforma do judiciário, comentei com um amigo de faculdade que a maneira mais fácil de fazer as pessoas rirem no país atualmente é fazer alguma citação do “biu de Pernambuco” ou ironizar com suas ações esdrúxulas. Dito e feito, cada vez que algum conferencista ao menos fazia menção a nosso “estimado” presidente da câmara dos deputados e terceiro homem da república, no auditório ressoavam enormes gargalhadas.
Severino Cavalcanti é bem a cara das oligarquias nordestinas que teimam em resistir ao século XXI, retrógrado, preconceituoso, nepotista (não que o nepotismo seja uma prática apenas dos políticos nordestinos) e tudo que possa lembrar retrocesso ao Estado democrático de direito. Severino me faz lembrar o coronel Odorico Paraguaçu da novela o bem amado, um tipo turrão que até ressuscitar conseguiu na novela. Só que Severino não é engraçado feito Paraguaçu pelo fato dele não ser simples ficção, Severino foi usado como ‘instrumento’ para dar uma espécie de “se liga” no governo, para que ele percebesse que não está agindo como deveria.
Foi muito engraçado nos primeiros dias ouvir todas aquelas baboseiras de um septuagenário que, devido a quantidade de lixo que sai de sua boca, alguns jurarem beirar a senilidade. Mas a piada já perdeu a graça, um presidente da câmara dos deputados, a mais importante casa legislativa de nosso país, tem mais o que fazer que ficar dando ultimatos ao presidente exigindo ministérios para seu partido e nomeando parentes para cargos em flagrante desrespeito a constituição, o presidente da câmara tem a função de auxiliar o presidente e não tornar a tarefa, já bastante complexa, mais difícil ainda.
Definitivamente, Severino tem deixar a política imediatamente, depois que li há uns meses sua entrevista nas páginas amarelas da VEJA fiquei mais convencido desta minha posição. Já que ele afirma com plena convicção que o infame regime militar prestou “muitos serviços” ao país, deveríamos, excepcionalmente, só para o Severino Cavalcanti ressuscitar uma prática do regime militar e presentear-lhe com uma aposentadoria compulsória, seria melhor para todos nós.
(*) Luiz Elias é estudante de direito, amante de Heavy Metal e outras variações pesadas de rock. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br

sábado, abril 09, 2005

Hey Joe, o que faz você com esta arma na mão?

(*) Luiz Elias Miranda

Dei-me a liberdade de usar este verso, na verdade uma tradução livre do primeiro verso da música do grande Jimi Hendrix (1943-1970) para falar do estatuto do desarmamento, lei que já critiquei neste espaço.
Não o estatuto, mas a campanha do desarmamento é um sucesso, nem sei ao certo quantas armas foram retiradas de circulação por causa da campanha que paga até trezentos reais por arma entregue nos postos de arrecadação.
Este ano a campanha entre em nova fase, ainda em 2005 irá acontecer um referendum[1] acerca do estatuto, provavelmente o governo sairá vitorioso desta consulta pública e irá implantar em sua totalidade (pelo menos formalmente) o estatuto do desarmamento.
Mais uma vez tenho que fazer ressalvas não tanto a esta lei, mas a sua “campanha publicitária” apesar de suas boas intenções. Antes de tudo, é necessário desarmar nossa população que, ao contrário de países como a Suíça onde a posse de armas de fogo é algo a toda a população adulta, na maioria das vezes não está preparada para usar de forma correta uma arma de fogo. Na esmagadora maioria das vezes, a arma não serve como defesa e muitas vezes a arma de uma pessoa, depois de assaltada, vai parar no mercado negro.
Mas, apesar de todos os aspectos positivos desta lei federal, temos que considerar que a maioria das armas que são usadas em atividades criminosas não são compradas em lojas e os traficantes, assaltantes e assassinos não têm posse de armas nem se submetem a treinamentos de manuseio de arma de fogo a cada seis meses. Acho que 100% das armas utilizadas nas práticas delituosas são obtidas no “mercado negro”, ou seja, fruto de assaltos, venda de comerciantes de armas ilegais e atividade afins que podem ser consideradas ilícitas. Caberia ao Estado reprimir estas práticas que põe em perigo toda a sociedade.
Outro ponto negativo é a campanha publicitária na qual está envolta e lei do desarmamento. Em meu estado (a Paraíba) esta campanha é conduzida pelo ‘comitê estadual para o desarmamento’, esta campanha consiste principalmente na distribuição de folhetos com alguns dados estatísticos sobre os problemas acarretados pelo armamento da população; entre estes dados o último transcrevo a vocês: A chance de um jovem brasileiro ser assassinado é de três a quatro vezes maior que a média mundial. Só há um problema neste dado, os índices de mortalidade entre a juventude brasileira não é só relativo ao armamento da população, seria mais uma conjunção de fatores que tem a criminalidade jovem e omissão estatal de seu dever constitucional de segurança entre seus maiores fatores destes altos índices de mortalidade.
Bem, mas apesar destes problemas não tão pequenos, é mais sensato renunciar ao direito de possuir uma armas de fogo que um instrumento muito perigoso, numa época onde mensagens religiosas voltam a estar em voga, é interessante refletimos sobre um aspecto, a mensagem que Cristo deixou-nos é “amai-vos uns aos outros” e não “armai-vos uns aos outros”.


[1] Consulta pública sobre ato do poder executivo.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br

Pela igualdade social

(*) Danielly Melo Alves


“Não tem como arrumar um emprego ‘mermo’, minha profissão é essa: roubar e matar” (fugitivo do presídio de segurança média de Mangabeira, em entrevista quando foi recapturado – 01-04-05)

Ao ver essa entrevista no programa Correio Debate, muitas indagações me vieram à mente. Por que não legalizar a profissão dos ladrões informais? Por que só os ladrões do “colarinho branco” tem garantias trabalhistas?
Nada mais justo do que legalizar a atividade dos ladrões pobres. É injusto que só os ladrões ricos, os que nos assaltam de forma mais sutil e conseqüentemente mais devastadora, tenham direitos garantidos.
Se alisarmos as duas atividades, veremos que não diferem muito no objetivo final que é massacrar o já tão sofrido povo, a diferença está apenas nos motivos e nos meios usados para nos roubar e matar. Enquanto um rouba a mão armada, muitas vezes, para alimentar seu estomago ou seu vicio, outro rouba, através de papeis legais, por “hobby” ou pra aumentarem seus já gordos patrimônios. Por que o que rouba por “hobby” ou para engordar seu patrimônio, tem sua atividade legalizada, enquanto o outro, o que precisa roubar para sobreviver ou por instinto mau mesmo, não tem sua atividade legalizada? Ambos os casos quem se prejudica sempre é o indecente, o inadimplente, o povo, que por pagar seus impostos e prestar suas obrigações de cidadão é castigado tanto pelas conseqüências da “atividade roubalheira” legalizada quanto pela “atividade roubalheira” informal. Mas convenhamos, quem manda o povo parar de usar suas faculdades mentais em época de eleição?
Deixando as ironias de lado, de certa forma o culpado dessa situação é o povo. Como estamos em uma democracia em que o povo exerce seu poder através dos seus representantes, esses representantes deveriam ser escolhidos pelo caráter e compromisso com a população, não porque o candidato pagou uma “cervejinha”, prometeu um emprego, ou deu R$ 10,00, essas atitudes tão conhecidas na época de eleições, só mostra o quanto o candidato que as praticam são corruptos e não estão disposto a trabalhar pelo bem comum, estão apenas querendo ingressar na profissão de “ladrão legalizado”. Quando o ladrão legalizado chega a ter sua “carteirinha” e começa a usar seus belos ternos pagos pelo seu auxilio paletó, ele esquece que foi eleito para trabalhar pelo bem comum. E a segurança é algo fundamental para o bem comum. Como eles esquecem de cuidar da segurança do povo, pois estão muito ocupados em engordar seus já “obesos” patrimônios, a “roubalheira informal” acaba crescendo e se proliferando rapidamente e mais uma vez quem sofre é o “danado” do povo que é roubado legalmente e informalmente.
Mas voltando a usar o tom irônico, e o principio da igualdade? O fato de não legalizar a “roubalheira informal” dos pobres vai contra esse principio.
VAMOS LUTAR POR UMA SOCIEDADE JUSTA!
QUE A “ROUBALHEIRA INFORMAL” DOS POBRES SEJA LEGALIZADA!
(*) Danielly é estudante de direito. e-mail: ellynda@hotmail.com

Só existe uma cultura

(*) Ênio Pacheco Lins


Um dos maiores defeitos do ser humano é a insensatez, a falta de discernimento perante o que é proveitoso e o que é desprezível para sua vida em sociedade. Mesmo com todos os avanços tecnológicos, científicos, econômicos e sociais presentes no mundo contemporâneo, muitas questões relacionadas ao aspecto cultural confirmam a idéia de que o homem é um perfeito imbecil, um insensato, um completo idiota.
Nada mais desolador do que assistir cotidianamente as pessoas se matando no conflito árabe-israelense devido a “diferenças culturais”. Dizem os palestinos que o território lhes pertence, os judeus rebatem dizendo que “Deus” deixou aquele local para o povo israelense habitar. Pobres seres humanos sem discernimento; eles não possuem um mínimo de bom senso para saber que a religião faz parte da “cultura humana” e que esta representa um elemento único e universal, por isso todos os homens têm plena liberdade para crer naquilo que quiserem e não devem ser agredidos por este fato.
É da natureza humana a aversão a tudo o que é diferente, um estudante perante um assunto novo fica preocupado, um aprendiz em qualquer área sente dificuldades nos primeiros dias, uma nova descoberta causa perturbação a todos. Devido a isso o mais proveitoso a qualquer indivíduo é “pensar” um pouco e concluir que as “diferenças culturais” são elementos fictícios e aparentes, pois fazem parte de um todo indestrutível: a “cultura humana”. No entanto a idiotice humana impede que muitos escolham o proveitoso em detrimento do desprezível no conviver social diário.
É exatamente por causa da sua idiotice, da sua insensatez e da sua imbecilidade que o homem africano luta entre si apenas pelo fato de o seu vizinho falar uma língua diferente, possuir costumes diferentes ou profetizar uma religião que não seja a sua. É por causa da sua falta de discernimento que o presidente Bush invade vários países do mundo para impor sua ideologia cultural, para dizer que a “democracia americana” é o certo e a teocracia islâmica é o errado. Quanta insensatez, quanta imbecilidade!
Se o assunto é cultura, idiotice e tendência a escolher o desprezível, não se pode deixar de mencionar o terrorismo. O ato terrorista é a prova cabal e concreta de que a sociedade humana ainda não se livrou da sua “falta de inteligência”, que tanto lhe causa problemas. Afirmando que odeiam a cultura ocidental, que não suportam o modo de vida dos Estados Unidos, homens como Osama Bin Laden promovem episódios como o “onze de setembro” e o “onze de março”, nos quais milhares de vidas humanas são solapadas tragicamente. É o homem eliminando o próprio homem.
Não existem culturas, existe cultura. Não há a cultura ocidental, a oriental, a africana, a norte-americana, a sul-americana, a asiática, a européia; o que há, na realidade, é a “cultura humana”, o modo de viver do homem em seu caráter único e universal. Se todos tentarem utilizar a sensatez, a inteligência, a incrível capacidade humana de pensar, de raciocinar, de discernir, todos conseguirão entender que o homem que mora na Amazônia é igual, em estrutura física e mental, àquele que vive em Tóquio. Será possível concluir que da maneira que o ocidental pensa, escreve, estuda, reza e crê, o oriental também pensa, escreve, estuda, reza e crê. Em conseqüência disso, optar pelo proveitoso e desprezar o desprezível será bem mais constante no meio sócio-cultural.
(*) Ênio é estudante de direito. e-mail: enio-lins@uol.com.br

sexta-feira, abril 08, 2005

Manjedouras de ouro

(*) Manoel César de Alencar Neto

Não nego que nessa última semana senti uma grande vontade de ser Papa. Com todos esses especiais que estão passando em tudo que é canal de televisão, mostrando uma multidão à espera do Papa, pessoas gritando, desmaiando, correndo para abraça-lo, fazendo de tudo para somente tocar nele entre outras tietagens. Tudo que eu queria. Viver entre obras de Michelangelo é o sonho de qualquer adorador das artes. E viver entre muito ouro é o sonho de qualquer um.
Não, meus amigos, não há ironia nisso, é pura verdade: Quero ser Papa. E quando coloco algo na minha cabeça... Quero ser Papa. Quero pregar o amor entre as nações, a igualdade social entre outras. Ah, quero ser Papa.Talvez isso seja o meu grande mal de agora em diante, o meu Emplasto Brás Cubas.
Não chorei nessa semana por causa da morte do Papa, não. Emocionei-me, claro, a morte de qualquer pessoa emociona. Como a morte de vários Josés, Joãos e Paulos me emociona igualmente. Mas diferente do Papa, nunca vi especiais sobre pais de famílias desempregados e com uns oito filhos ser notícia tão difundida. Claro, o Papa é um chefe de Estado, merece tal divulgação. É, creio que me enganei, o Papa realmente merece tal divulgação, assim como, se o nosso Lula morresse, haveriam especiais e especiais nos Fantásticos da vida.
Realmente, a morte dos Joãos e Paulos não será nem citada; não são nada, nem chefe de Estado pra disfarçar. Mas quem liga pra divulgação, se eu, João, José, Paulo nasci na cozinha de casa, nasci pelo SUS, nasci na madrugada. E pior, morri na mesma madrugada, com facadas na minha face.
Vivi, sim vivi. Consegui dá farinha para os meus filhos, brinquei com eles, fiz os seus carrinhos de madeira, com uma moeda como farol. Moedas essas que faziam muita falta de vez em quando. À mulher eu dei uma casa de taipa pra cuidar, e comida pra tapear. Ela às vezes fantasiava com uma geladeira, um fogão e, vejam vocês, quadros na parede e um anel de ouro.

(*)Manoel César de Alencar Neto é estudante do 3º ano do Colégio Objetivo Guarabira. netoalencar@uol.com.br

quarta-feira, abril 06, 2005

Habemus Papam* ?!

(*) Luiz Elias Miranda


Há um velho provérbio que reza: “rei morto, rei posto”. É mais ou menos a situação que os católicos vivem atualmente, a maior expectativa destes dias não é pela despedida de João Paulo II morto no último sábado, o que todos católicos esperam é que saber quem será o próximo a sentar-se no ‘trono de Pedro’ pelos próximos anos.
Pelas declarações que ouvi, li e já sabia, esta é uma eleição sem candidaturas. Consultei algumas constituições apostólicas e documentos afins no site da santa sé e uns livros aqui em casa que ganhei de meu padrinho (um grande entusiasta do direito canônico), segundo estes, a escolha (nenhuma vez faz-se menção ao termo eleição) é inspirada pelo “divino espírito santo”. Ou seja, segundo a doutrina da Igreja católica, o colégio cardinalício apenas “formaliza os desígnios divinos”.
O que considero de certa forma até desrespeitoso é o fato da imprensa empenhar-se em politizar a disputa ao máximo, coisa que a santa sé e membros da Igreja (leigos ou religiosos) tentam reverter. Em todos os jornais, revistas e publicações afins que fazem referência à morte do papa, a escolha do próximo ‘bispo de Roma’ é tratada como se uma eleição para governo de país fosse.
As listas são em geral parecidas, sempre com nomes de importantes cardeais da cúria romana (setor que cuida administração da Igreja católica): Joseph Ratzinger, Francis Arinze, Ângelo Soldano, Cláudio Hummes... Os chamados “papabiles” sempre desconversam sobre o fato de seus nomes figurarem entre as listas de virtuais favoritos.
O que me fez ficar puto de verdade foi uma notícia que foi ao ar na terça-feira (dia 5 de abril) no jornal hoje; apenas o fato do nome do cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio ser citado como “papabile” pelo Clarín (o mais tradicional dos jornais argentinos) para que as igrejas de Buenos Aires ficassem lotadas de fiéis. Este ato me confirma a tese de que os argentinos podem ser incluídos como uma das mais (se não a mais) desprezível de todas as nacionalidades.
O fato de D. Cláudio Hummes ser citado o favorito pela imprensa brasileira (na verdade, se for feita uma análise política do conclave, ver-se-á que o franco favorito é o arcebispo de Milão, D. Dionigi Tettamazi, apontado como mais cotado pela imprensa européia e vaticanistas[1] respeitados) não faz dele favorito, nunca alguém muito cotado e com muita atenção na mídia saiu vencedor do conclave, João Paulo II foi a prova disto, quando foi escolhido pelo colégio de cardeais era desconhecido da maioria da mídia e até mesmo da maioria dos católicos.
Não acredito que Hummes seja o escolhido pelo colégio de cardeais ela está tão comentado pela imprensa e sua eleição é dada quase como certa mundo afora que deve cair na velha mística do conclave: “quem chega ao conclave como papa, sai de lá como cardeal”...
*Temos um Papa. Frase dita pelo carmelengo para anunciar aos fiéis que o conclave terminou e novamente há um papa.

[1] Jornalista especializado em questões relativas ao Vaticano e à Cúria romana.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br

sábado, abril 02, 2005

Adeus Karol...


João Paulo II (1920-2005) Posted by Hello


(*) Luiz Elias Miranda



A agonia de João Paulo II finalmente chegou ao fim, há alguns anos ele vinha passando por seu calvário pessoal com os problemas de saúde que se agravavam dia a dia. O seu ‘braço direito’, o cardeal alemão Joseph Ratzinger e o porta-voz do Vaticano, o espanhol Joaquin Navarro Valls, afirmaram que ele esteve consciente até o último momento, mesmo com o fim estando próximo. Foi um raro caso onde, apesar do corpo estar totalmente deteriorado, a mente permanecia em extrema consciência (apesar de a assessoria de imprensa do Vaticano um, certo momento ter afirmado que a lucidez dele começara a desaparecer). Independente de religião, João Paulo II deixará um imenso legado à cultura humana.
Nascido em 1920 na Polônia, Karol Wojtyla (o nome verdadeiro dele) presenciou em sua juventude um momento muito importante para a Polônia. O país neste tempo tentava resistir ao domínio soviético, em tempos onde até mesmo falar o polonês era proibido, a religião era uma forma de resistir ao domínio estrangeiro. O jovem Karol, que até os vinte anos queria ser ator, virou padre após a morte do pai em 1941 e, com uma religiosidade extremamente nacionalista, com a ajuda de sua capacidade de empolgar platéias, resquícios de seus tempos de palco, incitava os poloneses resistirem ao comunismo e, alguns anos mais tarde ao nacional-socialismo que surgia por influência alemã, o governo nazista tinha intenções de dominar a Polônia como ocorreu em épocas passadas e um de seus maiores opositores na Polônia foi o jovem sacerdote Wojtyla (mais tarde, foi sabido que durante vários anos na II guerra mundial, ele figurou na “lista negra” da SS como provável alvo).
Quando foi eleito papa em 1978, o seu maior objetivo era combater o comunismo no mundo e influência da teologia da libertação[1] dentro da Igreja católica. O que mais impressionava em João Paulo II era a forma de como ele conseguia ser tão liberal na política e tão conservador na religião. Ele criticava o comunismo por este ser uma ditadura brutal que não dava espaço para qualquer tipo de oposição e não ter conseguido realmente eliminar as classes sociais (apesar de mais anos mais tarde, ter reconhecido que o regime tinha seus pontos positivos). Por outro lado, ele também criticava a teologia da libertação (que era um movimento que angariava muitos adeptos na América Latina) pelo fato de que religião e ideologias políticas seriam incompatíveis e também o fato de que muitos dos adeptos da teologia da libertação usavam a religião apenas como um meio de ascensão política.
Alguns fatos também marcaram o papado de João Paulo II que até aquele momento nunca tinham sido praticados por nenhum dos “sucessores de Pedro”, embalado pelo ecumenismo do Concílio Vaticano II, ele tentou aproximar a Igreja com seus antigos desafetos, promoveu reconciliação com judeus, protestantes, ortodoxos, muçulmanos, budistas, reconheceu os erros do passado da Igreja e pediu perdão por estas ações nada nobres (claro que um simples pedido não irá trazer a vida as pessoas que foram mortas pela Igreja e sanar os outros males por ela praticados).
Politicamente ele também foi grande responsável pela queda do comunismo, em 1978 após sua eleição, seu primeiro ato como sumo-pontífice foi visitar a Polônia na festa de São Estanislau (padroeiro da Polônia), mais de um milhão de pessoas espremeram-se nas ruas de Varsóvia e Cracóvia para ver o primeiro papa polonês. Foi a partir desta visita que o comunismo no leste europeu começou a esfacelar-se, após essa visita foi fundado o “solidariedade” que elegeu presidente da Polônia o sindicalista Lech Walesa que deu o golpe de misericórdia no regime comunista polonês. Meses depois, uma visita ao presidente americano Ronald Regan selou definitivamente o já moribundo “império vermelho”. Mas o papa também não poupou críticas ao intervencionismo e ao capitalismo brutal praticado por Washington.
Mas, da mesma forma que foi extremamente liberal na política, João Paulo II imprimiu uma postura moral dogmaticamente rígida, contra os métodos contraceptivos artificiais, uso da camisinha para prevenção da AIDS, sexo antes do casamento, divórcio, homossexualismo entre outras posições conservadoras que lhe rendeu várias críticas durante o pontificado. Entretanto, este conservadorismo, aliado a um imenso centralismo institucional, garantiu a unidade da Igreja que corria o risco de esfacelar-se como instituição depois da “onda liberalizante” oriunda do concílio do Vaticano II.
Definitivamente, o homem que neste momento já descansa ao lado de outros papas em Roma, ou, como disse Ratzinger, ao lado do pai, abençoando e orando por nós, não foi só um líder religioso da maior igreja cristã do mundo que garantiu sua unidade e expandiu propostas ecumênicas e conduziu a maior igreja cristã ao terceiro milênio, ele também foi um grande político que ficará na história da humanidade.

[1] Teologia da libertação: corrente ideológica surgida na década de 1960, que tinha adeptos principalmente na Igreja católica, de conotação marxista, pregava que a religião também deveria ser usada como instrumento de luta social promovendo a libertação dos povos que há séculos eram explorados pelas elites. Seus maiores expoentes na década de 70 eram o frade franciscano Leonardo Boff e o jesuíta alemão Klaus Öff.
(*) Luiz Elias é estudante ded Direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br