:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quarta-feira, abril 06, 2005

Habemus Papam* ?!

(*) Luiz Elias Miranda


Há um velho provérbio que reza: “rei morto, rei posto”. É mais ou menos a situação que os católicos vivem atualmente, a maior expectativa destes dias não é pela despedida de João Paulo II morto no último sábado, o que todos católicos esperam é que saber quem será o próximo a sentar-se no ‘trono de Pedro’ pelos próximos anos.
Pelas declarações que ouvi, li e já sabia, esta é uma eleição sem candidaturas. Consultei algumas constituições apostólicas e documentos afins no site da santa sé e uns livros aqui em casa que ganhei de meu padrinho (um grande entusiasta do direito canônico), segundo estes, a escolha (nenhuma vez faz-se menção ao termo eleição) é inspirada pelo “divino espírito santo”. Ou seja, segundo a doutrina da Igreja católica, o colégio cardinalício apenas “formaliza os desígnios divinos”.
O que considero de certa forma até desrespeitoso é o fato da imprensa empenhar-se em politizar a disputa ao máximo, coisa que a santa sé e membros da Igreja (leigos ou religiosos) tentam reverter. Em todos os jornais, revistas e publicações afins que fazem referência à morte do papa, a escolha do próximo ‘bispo de Roma’ é tratada como se uma eleição para governo de país fosse.
As listas são em geral parecidas, sempre com nomes de importantes cardeais da cúria romana (setor que cuida administração da Igreja católica): Joseph Ratzinger, Francis Arinze, Ângelo Soldano, Cláudio Hummes... Os chamados “papabiles” sempre desconversam sobre o fato de seus nomes figurarem entre as listas de virtuais favoritos.
O que me fez ficar puto de verdade foi uma notícia que foi ao ar na terça-feira (dia 5 de abril) no jornal hoje; apenas o fato do nome do cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio ser citado como “papabile” pelo Clarín (o mais tradicional dos jornais argentinos) para que as igrejas de Buenos Aires ficassem lotadas de fiéis. Este ato me confirma a tese de que os argentinos podem ser incluídos como uma das mais (se não a mais) desprezível de todas as nacionalidades.
O fato de D. Cláudio Hummes ser citado o favorito pela imprensa brasileira (na verdade, se for feita uma análise política do conclave, ver-se-á que o franco favorito é o arcebispo de Milão, D. Dionigi Tettamazi, apontado como mais cotado pela imprensa européia e vaticanistas[1] respeitados) não faz dele favorito, nunca alguém muito cotado e com muita atenção na mídia saiu vencedor do conclave, João Paulo II foi a prova disto, quando foi escolhido pelo colégio de cardeais era desconhecido da maioria da mídia e até mesmo da maioria dos católicos.
Não acredito que Hummes seja o escolhido pelo colégio de cardeais ela está tão comentado pela imprensa e sua eleição é dada quase como certa mundo afora que deve cair na velha mística do conclave: “quem chega ao conclave como papa, sai de lá como cardeal”...
*Temos um Papa. Frase dita pelo carmelengo para anunciar aos fiéis que o conclave terminou e novamente há um papa.

[1] Jornalista especializado em questões relativas ao Vaticano e à Cúria romana.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br