:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

domingo, março 27, 2005

MST, a ordem e o caos

(*) Luiz Elias Miranda



Muitos acreditam ser o MST (movimentos dos trabalhadores sem-terra) um dos grandes geradores de badernas e demais afins ligados a um sinônimo de bagunça. Essa afirmação não deixa de ter um certo fundo de verdade, entretanto, algumas coisas devem ser esclarecidas, o MST é um dos mais legítimos movimentos sociais existentes em nosso país.
A criação do MST remonta a um passado não muito distante, o que serviu de embrião para o MST foram as ligas camponesas, um movimento popular surgido na década de 60 no nordeste com o entusiasmo com o estatuto do trabalhador rural e com as anunciadas “reformas de base” prometidas por Jango, encabeçado e apoiado por líderes políticos como Francisco Julião, Miguel Arraes, Celso Furtado (nesta época, superintendente da SUDENE do governo João Goulart), Agassiz Almeida e tantos outros políticos nordestinos.
Pelo passado do MST, percebe-se que ele não é simplesmente este órgão de baderna institucionalizada conduzido pelo João Pedro Stédille, este sim, um baderneiro de primeira classe.
A grande questão é o uso ideológico deste movimento, uma grande polêmica ideológica e vários oportunistas de caráter no mínimo duvidoso circundam o movimento dos trabalhadores sem-terra.
Antes de tudo, tratam a questão da concentração fundiária como se fosse um problema econômico. Esta é uma problematização totalmente errada, a concentração fundiária no Brasil é um latente problema social que há séculos aflige nossa sociedade e não um problema econômico como muitos insistem em afirmar. Não uma questão econômica pelo fato de a agricultura que gera lucro no país é o agronegócio[1] e as famílias que compõem o MST, em sua completa totalidade, tem a intenção de praticar agricultura familiar, prática que não dá lucro nenhum, ao contrário, dá prejuízo muitas vezes.
Um dos grandes desafios para o governo, que vem desde a gestão FHC implementando um programa de assentamento rural, é manter as famílias assentadas no campo, mas não tem obtido muito êxito neste ponto. Como a maioria das famílias assentadas é pobre, não têm dinheiro para arcar com o ônus que acompanha a agricultura, como não obtém ajuda governamental, essas famílias acabam vendendo a terra e regressando aos quadros do movimento ou tendo as terras tomadas pelos serviços de execuções dos bancos que financiam os custos dos plantios e não são pagos pelas famílias.
A prática errada que vem assomar-se a este quadro desolador é que o governo vem acobertando e até financiando práticas não justificáveis do MST tais como invasões a propriedades produtivas ou até mesmo invasões a propriedades que nada tem de rurais como eu mesmo já vi.
Enquanto oportunistas e pseudoideólogos (leia-se João Pedro Stédille) compuserem os quadros do MST, ele não passará de uma gangue de baderneiros que envergonha a memória dos já saudosos e causam desilusão nos que um dia tiveram a idéia de fundar um movimento social que ansiasse lutar contra a concentração fundiária que há séculos afirma-se como mais uma das chagas sociais em nosso país.



[1] Prática agrícola em grandes propriedades rurais, com a implementação de alta tecnologia, mão-de-obra qualificada e elevados índices de mecanização.
(*) Luiz Elias é estudante de direito pela Universidade Estadual da Paraíba. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br