:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sexta-feira, novembro 24, 2006

Mino Carta, o grande

(*)Diogo Mainardi

"Em mais de uma oportunidade, na frentede amigos comuns, Mino Carta repetiu aosberros que recebi um merecido castigo quandotive um filho deficiente. Até hoje, fui incapaz deexperimentar angústia e tristeza por causade meu filho. Ele só me deu prazer e felicidade"
Não se aborreça com Diogo Mainardi, afinal o máximo que o cidadão produz com perfeição é paralisia cerebral.
O comentário foi publicado no blog de Mino Carta. Para quem não é afeito a sutilezas, refere-se à paralisia cerebral de meu filho. Na última semana, Mino Carta publicou 433 mensagens contra mim. De acordo com ele, outras 106, consideradas "inaceitáveis, prontas à agressão", foram eliminadas. A mensagem sobre meu filho foi uma das que Mino Carta aprovou pessoalmente e que o encheram de emoção, reverberando, segundo suas palavras, "na zona situada entre o coração e a alma, como um Stradivarius ou um Guarnieri del Gesù".
Mino Carta selecionou outras mensagens sobre meu filho:
Diogo Mainardi é um infeliz e digno de pena. Ter um filho deficiente dá mais pena ainda, porque isso fez dele uma pessoa amarga, invejosa e sem escrúpulos.
A opinião da leitora reflete exatamente a de Mino Carta. Em mais de uma oportunidade, na frente de amigos comuns, ele repetiu aos berros que recebi um merecido castigo quando tive um filho deficiente. Em seu blog, na segunda-feira, ele ampliou o conceito, fazendo considerações sobre aquele que seria meu "filho muito doente":
Meninos doentes me causam angústia e tristeza, [mas] não justificam calúnias dirigidas a esmo.
É um perfeito exemplo da grandeza moral de Mino Carta. Até hoje, por uma insuperável falha de caráter, fui incapaz de experimentar angústia e tristeza por causa de meu filho. Ele só me deu prazer e felicidade. Da mesma maneira que meu segundo filho só me deu prazer e felicidade. Filho é filho: com paralisia cerebral ou sem paralisia cerebral.
Mas o ponto que realmente me incomoda é outro. Mino Carta transformou uma questão pública numa questão particular. Não ligo para xingamentos. No próprio blog de Mino Carta, fui chamado de calhorda, canalha, sodomita, verme, nazista, psicopata, brinquedinho de Gore Vidal e excremento social. Um comentarista chegou a afirmar que recebi 500.000 reais para plantar notas favoráveis a Daniel Dantas. Estou acostumado a lidar com xingamentos. Fazem parte do trabalho. Compreendo até que ofendam meus filhos. Tanto um quanto o outro. Considero a ofensa pessoal um instrumento retórico legítimo. Não me queixo. Não me escandalizo. Não processo. Quem processa é Mino Carta, que corre para seu advogado choramingando toda vez que recebe um juízo depreciativo. Só não aceito que minha opinião política seja convertida em assunto familiar. Responsabilizar meu filho por meus atos é um gesto de pura poltronice intelectual.
Mino Carta representa o modelo de jornalismo que o governo Lula quer favorecer por meio de financiamento estatal. Sempre que o citei na coluna, associei-o à verba publicitária que o governo Lula destina à Carta Capital. Mino Carta garante que serve a Lula de graça. Assim como, por muitos anos, serviu a Orestes Quércia de graça. Deve ser angustiante e triste não ser recompensado por tanta serventia.

domingo, novembro 05, 2006

Uma morte compensará outras?

(*) Luiz Elias Miranda

Finalmente, após um longo julgamento tumultuado, saiu hoje, 5 de novembro de 2006 a sentença do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. Ele e dois de seus ex-colaboradores mais próximos – o ex-presidente do tribunal revolucionário iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe do serviço secreto do país – foram condenados a morrer na forca pelo assassinato de 148 xiitas no povoado de Dujail em 1982.

Realmente, foi um crime bárbaro perpetrado contra o povo curdo[1], ainda hoje, permanece a hipótese – ou dúvida – do uso de armas químicas (gás mostrada) neste verdadeiro assassinato em massa (não seria correto chamar este ato de genocídio como muitas pessoas o fazem), entretanto, não acredito que enforcar Hussein resolverá ou apagará estas mortes de mais um capítulo negro de nossa história.

Os tempos da chamada ‘vingança privada’ já se passaram, quando falamos na existência do Estado é a mesma coisa que dizer que a sociedade renunciou de certas liberdades para o surgimento de uma autoridade que proporcionasse segurança aos membros desta sociedade, desde o primeiro instante de seu surgimento, o Estado avoca para si o monopólio da violência física e do direito de punir, pensamento este que foi desvirtuado uma vez mais com este julgamento de Saddam Hussein. Este julgamento nada mais foi do que uma demonstração vulgar de poder, o exercício em pleno século XXI da vingança privada, onde certos grupos aliados à superpotência estadunidense começam a saciar sua sede de sangue.

Antes de tudo, quero deixar bem claro que não pretendo aqui fazer a defesa de um ditador sanguinário que foi o Saddam Hussein, entretanto, este julgamento poderia ser feito de forma mais legítima e transparente.

Após minha justificativa e explicação, posso realmente iniciar o assunto propriamente dito...

Este julgamento foi permeado de inúmeras irregularidades que o tornam além de ilegítimo, nulo.

Sobre a competência do tribunal, de onde vem a legitimidade do chamado “alto tribunal penal iraquiano” para julgar e condenar qualquer pessoa? Como podemos considerar legítimo um tribunal instituído por um governo instituído por uma constituição fruto de uma intervenção militar de interesses escusos? Não devemos considerar a legitimidade como mero procedimento formal e sim como uma verdadeira qualidade do poder e dos governos – que são meras construções do manuseio do poder político – que legitimidade tem um governo ilegítimo para julgar outro?

Se o julgamento ainda fosse promovido pelo Tribunal Penal internacional (órgão integrante da ONU criado pelo tratado de Roma), apesar de crítico deste tribunal, considero que este julgamento poderia ser “menos ilegítimo”. O fato de os EUA não se submeterem a esta corte de justiça torna todos os seus julgamentos – e digo mais, seus atos até por que, como podem ser legítimos atos que possam ser praticados sem regulação, de forma ilimitada, atos sem limitação ou controle são portas abertas para os excessos e para autoritarismos – ilegítimos qualquer que for seu veredicto.

Por mais grotescos que tenham sido seus crimes, uma condenação à forca – comemorada por muitos – não irá trazer à vida ou vingar pessoas que morreram de forma bárbara, lavar sangue com sangue não adianta nada, aliás, aposto que após a execução, a situação no Iraque poderá ficar muito mais crítica do que está neste exato momento.



[1] O povo curdo é uma etnia indo-européia localizada no norte do Iraque, leste da Turquia nordeste da Síria e oeste do Irã, atualmente faz-se representar no novo parlamento iraquiano, juntamente com os sunitas e xiitas.

A população curda chega aos 36 milhões de habitantes. São 15 milhões só na Turquia e no Iraque representam mais de 20% da população. Os curdos vivem há milhares de anos nas redondezas da Ásia central que abrange uma região situada na confluência das fronteiras do Iraque, Irã e Turquia, além de algumas pequenas faixas na Síria e na Armênia.

Devido às perseguições, existem milhões de curdos que foram obrigados a viver como emigrantes e refugiados na Europa Ocidental, principalmente na Alemanha.

Os curdos reinvidicam a criação de um estado próprio, o Curdistão.

(*) Luiz Elias é estudante de direito pela UEPB.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Texto que condenou o jornalista e professor Emir Sader

O ódio de classe da burguesia brasileira

"A gente vai se ver livre desta raça (sic), por, pelo menos, 30 anos", disse o senador Jorge Bornhausen (PFL). Ele merece processo por discriminação, embora no seu meio - de fascistas e banqueiros - é usual referir-se ao povo dessa maneira - são "negros", "pobres", "sujos", "brutos".
(*)Emir Sader

“A gente vai se ver livre desta raça (sic), por, pelo menos, 30 anos” (Jorge Bornhausen, senador racista e banqueiro do PFL)
O senador Jorge Bornhausen é das pessoas mais repulsivas da burguesia brasileira. Banqueiro, direitista, adepto das ditaduras militares, do governo Collor, do governo FHC, do governo Bush, revela agora todo o seu racismo e seu ódio ao povo brasileiro com essa frase, que saiu do fundo da sua alma – recheada de lucros bancários e ressentimentos.
Repulsivo, não por ser loiro, proveniente de uma região do Brasil em que setores das classes dominantes se consideram de uma raça superior, mas por ser racista e odiar o povo brasileiro. Ele toma o embate atual como um embate contra o povo – que ele significativamente trata de “raça”.
Ele merece processo por discriminação, embora no seu meio – de fascistas e banqueiros – sabe-se que é usual referir-se ao povo dessa maneira – são “negros”, “pobres”, “sujos”, “brutos”, - em suma, desprezíveis para essa casa grande da política brasileira que é a direita – pefelista e tucana -, que se lambuza com a crise atual, quer derrotar a esquerda por 30 anos, sob o apodo de “essa raça”.
É com eles que anda a “elite paulista”, ultra-sensível com o processo de sonegação contra a Daslu, mas que certamente não dirigirá uma palavra de condenação a seu aliado estratégico (da mesma forma que a grande mídia privada). São os amigos de FHC e de seus convivas dos Jardins, aliados do que de mais atrasado existe no Brasil, ferrenhamente unidos contra a esquerda e o povo.
Mas não se engane, senhor Bornhausen, banqueiro e racista, muito antes do que sua mente suja imagina, a esquerda, o movimento popular, o povo estarão nas ruas, lutarão de novo por uma hegemonia democrática, anti-racista, popular, no Brasil. Muito antes de sua desaparição definitiva da vida pública brasileira, banido pelo opróbio, pela conivência com a miséria do país mais injusto do mundo, enquanto seus bancos conseguem os mairores lucros especulativos do mundo, sua gente será defintivametente derrotada e colocada no lugar que merece – a famosa “lata de lixo da história”.
Não, senhor Bornhausen, nosso ódio a pessoas abjetas como a sua, não os deixará livre de novo para governar o Brasil como sempre fizeram – roubando, explorando, assassinando trabalhadores. O seu sistema, o sistema capitalista, se encarrega de reproduzir cotidianamente os que se opõem a ele, pelo que representa de opressão, de expoliação, de desemprego, de miséria, de discriminação – em suma, de "Jorges Bornhausens".
Saiba que o mesmo ódio que devota ao povo brasileiro e à esquerda, a esquerda e o povo brasileiro devotam à sua pessoa – mesquinha, desprezível, racista. Ele nos fortalece na luta contra sua classe e seus lucros escorchantes e especulativos, na luta por um mundo em que o que conte seja a dignidade e a humanidade das pessoas e não a “raça” e a conta bancária. Obrigado por realimentar no povo e na esquerda o ódio à burguesia.
(*)Emir Sader é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".