:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quarta-feira, junho 08, 2005

O Retorno ao iluminismo

(*) Luiz Elias Miranda


Todos sabem (ou deveriam saber) que o iluminismo foi um dos mais importantes movimentos já desencadeados pela cultura humana. De seu seio brotaram os princípios nos quais se fundaram a sociedade moderna, muito nossa cultura ocidental deve a pessoas como Voltarie, Montesquieu, Rosseuau e outras tantas pessoas que guiaram a ilustração do século dezoito e que ainda traz reflexos à cultura contemporânea. Alguns exemplos para não ficar uma coisa muito abstrata, das muitas revoluções que o iluminismo causou poderíamos falar da separação entre a igreja e o Estado, a tripartição clássica dos três poderes (apesar de, muito antes de Montesquieu divulgar a idéia em O Espírito das Leis, há muito esta concepção existia, desde os gregos já temos a idealização da divisão dos poderes como hoje se conhece) e muitas outras que se fossemos listar, demoraria um “bocado” de tempo.
O iluminismo surge como uma promessa de libertação de todo autoritarismo, tirania, obscurantismo que restou da idade média, idealizando uma “admirável mundo novo” onde todos seriam livres sem submeter-se a desmandos despóticos de tirano algum.
Só há um problema com as idéias iluministas, seus idealizadores estavam sempre associados estreitamente com a vanguarda da burguesia liberal que a apoiava porque isto lhe parecia vantajoso (o que na realidade foi bastante). Enfim, o liberalismo transformou as promessas de libertação em dominação, as luzes em trevas. Os mesmos burgueses liberais que em um dado momento defendiam a liberdade em todos os sentidos desta palavra eram os mesmo que, após derrubarem os tiranos que outrora ocuparam o poder agiam como estes mesmos tiranos.
Neste panorama, de certa forma até sombrio, o iluminismo continuou muitos anos como uma dominação fantasiada de liberdade com a conivência de toda a sociedade, sem que ninguém tivesse coragem (ou até mesmo nunca ninguém houvesse se atentado para isso) de levantar a voz contra esta pseudolibertação (ou libertação incompleta).
Bem, este quadro durou até mais ou menos a década de 1920, a partir de 1923, alguns pesquisadores atentaram para este aspecto da dominação contida nas promissoras idéias do iluminismo e, a partir daí, iniciaram uma critica generalizada a todas as instituições da sociedade moderna.
Fundado em 1924 na Universidade de Frankfurt, o centro de pesquisas sociais reunia a vanguarda do pensamento sociológico alemão: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e mais tarde (apenas na década de 1960) Jürgen Habermas. Eles procederam uma crítica generalizada da sociedade contemporânea e propuseram o “repensar valorativo”.
O movimento conhecido como teoria crítica ou escola de Frankfurt basicamente tinha origem marxista, mas não o marxismo convencional que se detinha a mera interpretação das teses de Karl Marx, eles extraiam dele (e de outras formas de pensamento) o havia de proveitoso fundindo tudo numa enorme crítica generalizada da sociedade surgida após a revolução francesa.
Dos grandes nome da escola de Frankfurt, o único ainda vivo é Habermas, justamente ele que sugere que voltemos aos temas propostos pelo iluminismo do século XVIII só que tendo o esmero de não nos deixar levar pelo relativismo trazido pelo liberalismo. O relativismo é sempre perigoso já que traz a possibilidade de interpretação e ações equivocadas, desencadeando prejuízos (principalmente éticos-morais e no campo da legitimidade).
(*) Luiz Elias é estudante de direito.
Para Danielly.