:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

domingo, maio 22, 2005

De sonhos e entusiasmos

(*)Manoel César de Alencar Neto

Em um momento da vida, o homem, sufocado por toda injustiça, cansado da vida sem sentido e inconformado com a falta da verdade que lhe circunda, se indigna e mata o homem que até então o fazia sobreviver conformado e passivo à história que se decorria em sua volta; e nasce, como uma metamorfose singular e milenar, um novo homem, ímpar; um homem que é portador da mais pura aversão, do mais justificável desprezo, um homem que enche seu coração da mais sublime ira, da cólera que o faz se exaltar, da raiva que consegue cometer o impossível, do sentimento mais belo e sublime do ser humano: o ódio.
Mas não o ódio vulgarmente conhecido. Este, é aquele ódio que fervura no coração dos homens e que se escapa pela suas bocas como flechas, penetrando nas profundezas mais recônditas dos seus espectadores, atingindo suas mentes e seus corações, onde, firmes como o sol e a lua, fere, sangra, incomoda e deixa-se sair pelos olhos o vapor do bem aborrecendo, apontando, afligindo, desnudando e encabulando o mal.
São homens que, sensíveis aos sonhos que são abortados diariamente, às injustiças que são acometidas aos que se anulam pelo bem, deixam de lado a passiva expectativa, e juntam-se à batalha.
Estes, são os homens que vão contra o determinismo, não se deixando influenciar por desvirtudes, não se deixando tentar pelas aparentes facilidades de palavras e medalhas não cumpridas; mas lutando e sacrificando-se para mudar e fazer desse meio menos doloroso e mais alegre. Estes são os homens que não vêem as coisas como são, mas como deveriam ser.
São homens que conseguem acender no coração daqueles que se encontram inertes - mas ainda com um facho da vivacidade que poderia ter mudado o mundo - uma chama, que o aquece e queima quem presencia; que consegue trazer àquele ser humano o velho entusiasmo e o esplendoroso brilho dos olhos, que há tempos não resplandecia. Eu, meus amigos, me emociono e choro ao ver a chama que brilha nos olhos dos homens de boa vontade.

(*)Manoel César de Alencar Neto é estudante do 3º ano do ensino médio no colégio Objetivo Guarabira.

sábado, maio 21, 2005

Abaixo o politicamente correto

(*) Luiz Elias Miranda


Eu sei que a notícia já está um pouco “batida” mas como só agora estou com tempo para escrever sobre isso, vai assim mesmo...
Como o governo petista não tem nada a fazer de produtivo, os ‘ideólogos’ do partido (se que eles existem) gastam todo o seu tempo disponível (que acredito ser muito) com coisas totalmente inúteis que possam fazer que o Brasil todo se envergonhe de si mesmo.
Com todo este interlúdio[1] quero chegar na tal cartilha do politicamente correto. Nem nos tempos da ditadura do Estado novo de Vargas (1937-1945) foi vista uma pretensão autoritária tão grotesca (e vejam que Getúlio Vargas era um político muito autoritário, havia o DIP que controlava a imprensa, mas não chegava ao patamar deste infame folhetim) de controlar expressões que há décadas são usadas pela população brasileira.
Disseminam por aí que o Brasil não é um país racista, que aqui todas as raças convivem ‘pacificamente’, tudo isto causado pela miscigenação promovida pelos portugueses (como afirmava erradamente o grande Gilberto Freyre). Claro que o racismo daqui não funciona como a brutal segregação dos EUA ou da África do Sul, o nosso racismo é dissimulado e por incrível que pareça é confuso. Geralmente os antropólogos classificam brancos, pessoas que em toda sua árvore genealógica possuem todos os antepassados brancos, coisa muito difícil de encontrar-se em nosso país por causa daquele famoso “pé na cozinha” que todos possuímos como já dizia Fernando Henrique Cardoso.
Sinceramente, este folhetim de meia pataca não vai impedir que, num acesso de raiva ou simplesmente por puro desprezo eu chame o porteiro do meu prédio de crioulo ou numa brincadeira sem graça chame um homossexual de bichinha. A única utilidade que vejo para este folhetim imprestável é a divulgação de um obscurantismo quase pré-medieval e mais uma tentativa do cerceamento da liberdade de expressão e pensamento afinal, por mais repreensíveis que sejam os pensamentos racistas, cada um tem direito a manter as convicções que bem entender. É deprimente ver que um dos partidos e alguns dos políticos que mais lutaram pela liberdade em nosso país compactuem com esta aberração dita como politicamente correta.
O que me deixa mais curioso com este panfleto que não devia ser nem distribuído em sinal de trânsito não é nada relacionado com seu conteúdo e sim com as conseqüências desencadeadas com esta aberração pseudo-social-democrata. Queria ir a um show do Chico Buarque só para ver como ele estaria cantando aquele grande sucesso ‘meu caro amigo’. Se ele for seguir as recomendações da cartilha acho que o refrão deve estar mais ou menos assim: mas eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá afrodescendente...; Que coisa mais ridícula.
Esta semana mesmo eu estava acompanhando uma sessão na TV senado, os “nobres” senadores da nossa república estavam votando o nome que representaria a sociedade civil no conselho nacional de justiça, inesperadamente, a senadora catarinense Ideli Salvati (não estranhei o fato dela ser petista...) pedir um aparte; interrompendo o pronunciamento de senador que, por incrível que pareça estava debatendo algo interessante; para repreender alguns senadores que se referiram a corrupção como “algo negro”.
Tenham paciência... tem muitas coisas mais importantes a serem feitas no país do que ficar pegando no pé da população com expressões que já estão de forma tal arraigadas que fazem já parte de nossa identidade cultura. Sinceramente vocês que estão lá em Brasília, (só para ser politicamente incorreto), vão pentear macaco seus jumentos!!!


[1] Mús. Trecho de música instrumental que se intercala entre as várias partes de uma longa composição, do tipo ópera, missa, cantata, etc; intermédio.
(*) Luiz Elias é estudante de direito.

sábado, maio 07, 2005

(*) Rafael Câmara Norat

Nestas duas décadas que tenho de vida e o pouco conhecimento que tenho sobre sociedade, relações humanas e digamos “ordem mundial” questionava o rumo que a humanidade tomava. Se fizermos um estudo exegético e geral de todo o decorrer histórico da humanidade. Veremos que a humanidade sempre criou formas de viver em sociedade. Grandes personalidades estudaram isso e criaram teorias e manifestos sobre a forma como a sociedade relaciona-se. Isso tudo pode parecer muito complexo, mas, acredito eu que estes tinham as intenções para com o bem comum. Mesmo que de forma distorcida algumas vezes. Na época do absolutismo acreditava-se que o rei forte e inquestionável era a solução para manter uma sociedade controlada (como gados em um curral), pensadores desta época escreveram muita coisa sobre isso como o livro “O Príncipe” de Maquiavel, defendendo essa forma de governo.
As teorias constitucionais já vinham surgindo e derrubando toda teoria absolutista, seu fundamento consistia em um governo representativo democrático, onde o governante estava no poder, por ser legitimo representante escolhido pelo povo. Donde o governante era eleito, para realizar a vontade do povo. Esse princípio constitucional mostra bem as teorias humanistas. Nossa constituição reza estes princípios. Mas será que todos os princípios constitucionais são concretizados?
O nosso art. 5° da Constituição Federal é uma belíssima demonstração dessas teorias humanistas.
Será que vivemos de forma igualitária como reza a constituição?
Vivemos em mundo capitalista ocidental, isso todo mundo sabe. Vivemos na era da globalização, que também não é nenhuma novidade. Mas já paramos para perceber as conseqüências que essa nova ordem mundial acarreta?
A globalização, por exemplo, poderia ser algo muito benéfico, se não fosse feita da maneira que é, controlada pelo capitalismo, onde deveria existir um intercambio de culturas e de informação, existe a imposição de uma cultura e um “tipo de informação” que é a cultura e informação ocidental.
Se pararmos para pensar o quão vazio é esse modo de vida capitalista, veríamos que não passamos de peças de uma engrenagem de uma sociedade consumista. Onde o capitalismo nos tira a nossa essência, o humanismo.
O mundo hoje vive em função do mercado. Os governos destes países perdem autonomia e soberania nacional ficando a mercê do mercado e de multinacionais que impõe suas regras acima de qualquer legislação nacional.
Vamos ficar de mãos atadas ao mercado?
Será que o governo está investindo corretamente o erário para ter uma “economia estabilizada”? Será que preferimos que nosso dinheiro seja entregue nas mãos de grandes grupos empresários ou preferiríamos que se investisse no social que é à base da sociedade. Somos controlados por uma “mão invisível” sabemos que tem muita coisa errada, mas será que tudo isso tem solução?
(*) Rafael é estudante de direito. e-mail: rafaelnorat@hotmail.com

Cidadania

(*) Luiz Elias Miranda


Nestes dias fala-se muito em cidadania, direitos fundamentais, dignidade humana e outras que devemos à revolução francesa. Alguns gostam de chamá-la de “mãe” de todas as revoluções sociais pelo fato de ter mudado toda a sociedade, elevado as pessoas de “coisa” a “seres”, com direitos e deveres.
A cidadania é uma coisa espetacular, o problema todo está no fato dela própria não ser corretamente interpretada e exercida. O sociólogo alemão chamado Karl Manheinn chegou a afirmar que cidadania é o “direito a ter direitos”.
Um dos problemas pode ser situado aí, um direito sempre implica num dever, só que as pessoas sempre só vêem um dos “lados da moeda”, é ótimo ter direito a algo, entretanto, nem sempre é bom ter uma obrigação.
Nos dias de hoje, principalmente em nosso país, os direitos são vistos de forma absoluta e as obrigações de cidadão são vistas quase sempre de maneira mínima (quando não são execradas dos pensamentos do “homem comum”). Como afirma o filósofo Robert Alexei, nenhum direito pode ser visto de forma absoluta, os direitos por mais fundamentais que sejam, devem sofrem limitações sob risco de gerarem caos social e abuso de direito (o que é muito comum no Brasil).
Como sempre gostou de afirmar Ronald Dworkin, os direitos devem ser encarados com a máxima seriedade, um direito sempre deve ter em contrapartida um dever: temos o direito de não sermos presos de forma arbitrária, mas, em contrapartida, também devemos observar a lei e não violá-la.
Sempre tentamos levar vantagens dos direitos e burlar os deveres. A maioria de nossa população não é cidadã pelo fato de vender sua cidadania, não por próprio gosto e desejarem ser politicamente marginais, elas vendem e simultaneamente negam-se como cidadãos na maior parte das vezes pelas mais pura necessidade que muitas vezes é causada pela sua atitude de “prostituição política” como num interminável ciclo vicioso.
Nossa lei maior, a constituição, é uma dos mundos que tecnicamente melhor dispõe de direitos fundamentais e garantias individuais, no dia de sua promulgação o grande e hoje saudoso Ulysses Guimarães chamou-a de “constituição cidadã” por causa destes inúmeros direitos e deveres que deveriam nortear nossa sociedade e que, devido a nossa pobreza como cidadãos continuam sendo, usando as palavras de Ferdinand Lassalle, meras e imprestáveis “folhas de papel” sem utilidade nenhuma.



*Dedicado a Paulo Bonavides, grande e algumas vezes esquecido intelectual paraibano que, mesmo nos tempos difíceis da ditadura, não abandonou suas convicções democráticas que completa 80 anos.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br