:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sábado, maio 07, 2005

Cidadania

(*) Luiz Elias Miranda


Nestes dias fala-se muito em cidadania, direitos fundamentais, dignidade humana e outras que devemos à revolução francesa. Alguns gostam de chamá-la de “mãe” de todas as revoluções sociais pelo fato de ter mudado toda a sociedade, elevado as pessoas de “coisa” a “seres”, com direitos e deveres.
A cidadania é uma coisa espetacular, o problema todo está no fato dela própria não ser corretamente interpretada e exercida. O sociólogo alemão chamado Karl Manheinn chegou a afirmar que cidadania é o “direito a ter direitos”.
Um dos problemas pode ser situado aí, um direito sempre implica num dever, só que as pessoas sempre só vêem um dos “lados da moeda”, é ótimo ter direito a algo, entretanto, nem sempre é bom ter uma obrigação.
Nos dias de hoje, principalmente em nosso país, os direitos são vistos de forma absoluta e as obrigações de cidadão são vistas quase sempre de maneira mínima (quando não são execradas dos pensamentos do “homem comum”). Como afirma o filósofo Robert Alexei, nenhum direito pode ser visto de forma absoluta, os direitos por mais fundamentais que sejam, devem sofrem limitações sob risco de gerarem caos social e abuso de direito (o que é muito comum no Brasil).
Como sempre gostou de afirmar Ronald Dworkin, os direitos devem ser encarados com a máxima seriedade, um direito sempre deve ter em contrapartida um dever: temos o direito de não sermos presos de forma arbitrária, mas, em contrapartida, também devemos observar a lei e não violá-la.
Sempre tentamos levar vantagens dos direitos e burlar os deveres. A maioria de nossa população não é cidadã pelo fato de vender sua cidadania, não por próprio gosto e desejarem ser politicamente marginais, elas vendem e simultaneamente negam-se como cidadãos na maior parte das vezes pelas mais pura necessidade que muitas vezes é causada pela sua atitude de “prostituição política” como num interminável ciclo vicioso.
Nossa lei maior, a constituição, é uma dos mundos que tecnicamente melhor dispõe de direitos fundamentais e garantias individuais, no dia de sua promulgação o grande e hoje saudoso Ulysses Guimarães chamou-a de “constituição cidadã” por causa destes inúmeros direitos e deveres que deveriam nortear nossa sociedade e que, devido a nossa pobreza como cidadãos continuam sendo, usando as palavras de Ferdinand Lassalle, meras e imprestáveis “folhas de papel” sem utilidade nenhuma.



*Dedicado a Paulo Bonavides, grande e algumas vezes esquecido intelectual paraibano que, mesmo nos tempos difíceis da ditadura, não abandonou suas convicções democráticas que completa 80 anos.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br