:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sábado, abril 09, 2005

Só existe uma cultura

(*) Ênio Pacheco Lins


Um dos maiores defeitos do ser humano é a insensatez, a falta de discernimento perante o que é proveitoso e o que é desprezível para sua vida em sociedade. Mesmo com todos os avanços tecnológicos, científicos, econômicos e sociais presentes no mundo contemporâneo, muitas questões relacionadas ao aspecto cultural confirmam a idéia de que o homem é um perfeito imbecil, um insensato, um completo idiota.
Nada mais desolador do que assistir cotidianamente as pessoas se matando no conflito árabe-israelense devido a “diferenças culturais”. Dizem os palestinos que o território lhes pertence, os judeus rebatem dizendo que “Deus” deixou aquele local para o povo israelense habitar. Pobres seres humanos sem discernimento; eles não possuem um mínimo de bom senso para saber que a religião faz parte da “cultura humana” e que esta representa um elemento único e universal, por isso todos os homens têm plena liberdade para crer naquilo que quiserem e não devem ser agredidos por este fato.
É da natureza humana a aversão a tudo o que é diferente, um estudante perante um assunto novo fica preocupado, um aprendiz em qualquer área sente dificuldades nos primeiros dias, uma nova descoberta causa perturbação a todos. Devido a isso o mais proveitoso a qualquer indivíduo é “pensar” um pouco e concluir que as “diferenças culturais” são elementos fictícios e aparentes, pois fazem parte de um todo indestrutível: a “cultura humana”. No entanto a idiotice humana impede que muitos escolham o proveitoso em detrimento do desprezível no conviver social diário.
É exatamente por causa da sua idiotice, da sua insensatez e da sua imbecilidade que o homem africano luta entre si apenas pelo fato de o seu vizinho falar uma língua diferente, possuir costumes diferentes ou profetizar uma religião que não seja a sua. É por causa da sua falta de discernimento que o presidente Bush invade vários países do mundo para impor sua ideologia cultural, para dizer que a “democracia americana” é o certo e a teocracia islâmica é o errado. Quanta insensatez, quanta imbecilidade!
Se o assunto é cultura, idiotice e tendência a escolher o desprezível, não se pode deixar de mencionar o terrorismo. O ato terrorista é a prova cabal e concreta de que a sociedade humana ainda não se livrou da sua “falta de inteligência”, que tanto lhe causa problemas. Afirmando que odeiam a cultura ocidental, que não suportam o modo de vida dos Estados Unidos, homens como Osama Bin Laden promovem episódios como o “onze de setembro” e o “onze de março”, nos quais milhares de vidas humanas são solapadas tragicamente. É o homem eliminando o próprio homem.
Não existem culturas, existe cultura. Não há a cultura ocidental, a oriental, a africana, a norte-americana, a sul-americana, a asiática, a européia; o que há, na realidade, é a “cultura humana”, o modo de viver do homem em seu caráter único e universal. Se todos tentarem utilizar a sensatez, a inteligência, a incrível capacidade humana de pensar, de raciocinar, de discernir, todos conseguirão entender que o homem que mora na Amazônia é igual, em estrutura física e mental, àquele que vive em Tóquio. Será possível concluir que da maneira que o ocidental pensa, escreve, estuda, reza e crê, o oriental também pensa, escreve, estuda, reza e crê. Em conseqüência disso, optar pelo proveitoso e desprezar o desprezível será bem mais constante no meio sócio-cultural.
(*) Ênio é estudante de direito. e-mail: enio-lins@uol.com.br