:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

domingo, agosto 28, 2005

Orelhas de abano



(*) Diorindo Lopes Júnior

Sempre que eu ia a Pirajuí, meu primo Jorge me colocava no seu time de futebol. Não que eu fosse craque, mas tinha uma sorte...!
A bola resvalava em mim e entrava. Uma vez, tropecei na frente do gol e enfiei a cara na areia. Alguém chutou, a bola bateu em... em.. em meu traseiro e, como se fosse num morrinho artilheiro, encobriu o goleiro.
Meu primo Jorge jogava na defesa. Não era alto, mas suas generosas orelhas de abano espanavam qualquer cruzamento. Pegasse no gol, pareceria uma Kombi com as portas abertas olhada de frente.
Já contei: algumas pessoas roem as unhas quando ficam nervosas ou distraídas. Até uns vinte anos – quando fez a plástica –, meu primo Jorge era tão orelhudo que mordiscava os próprios lóbulos.
Foi por causa de suas orelhonas que conhecemos o Bugre. Era como chamavam um moleque do Mato Groso – que, na época, era um só – e morava com a mãe e os irmãos num casarão perto da estação de trens, onde tocavam um pequeno quiosque de comida pantaneira – deliciosa!
Parecia negro como meu avô, mas sua pele tinha um quê diferente. As feições lembravam as de um índio, mas seus olhos eram claros e os cabelos pretos bastante lisos. Era um pouco mais velho que a gente e falavam que seu pai tinha virado almoço de sucuri.
Uma tarde, voltávamos de uma pelada pela linha do trem, um imbecil tacou pedra num cacho de abelhas e o enxame nos atacou. Todo o bando levou alguma ferroada, mas as fartas orelhas de meu primo Jorge foram as que mais sofreram.
Na frente da estação, ainda esbaforido pela carreira, começou a ter convulsões e parou de respirar. Bugre entrou em ação: abriu-lhe a boca e esticou a língua para fora; estava bem inchada, tanto que não voltou para dentro. Com uma faca fina, cutucou as ferroadas e tirou bem uns cinco ou seis ferrões.
Dona Bugra, uma senhora bonitona, apareceu com álcool, que fez meu primo Jorge voltar a si, e uma garrafa de cachaça com mel (ou era própolis?) para aliviar a dor – não bebendo, mas passando nos machucados.
Reparei, mas fiquei quieto: com as orelhonas de abano inchadas, meu primo Jorge lembrava muito uma borboleta com as asas esticadas...

(*) Diorindo Lopes Júnior (www.diorindo.jor.br) é jornalista.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Estado social ou liberal?



(*) Luiz Elias Miranda


Há muito tempo que o Estado existe, até hoje não conseguiram determinar direito o quão antigo ele é. Cerca de 400 anos atrás, um inglês chamado Thomas Hobbes afirmou que no passado não havia nenhuma forma de governo, a humanidade vivia o que ele chamava de ‘estado de natureza’ onde os homens eram dominados por seus instintos animais e inclinados a agredirem-se mutuamente. Visto isso, (segundo Hobbes) a humanidade renunciou essa liberdade total para viver com mais segurança sob o domínio de um Estado eclesiástico e civil, isto se deve pelo fato de o homem ser lobo do próprio homem (hommo lupus hommini)[1].
Desde a revolução francesa (que marcou o fim do absolutismo) quando a burguesia tomou o poder que o liberalismo impera no mundo. O liberalismo prega que tudo seja determinado pelas “livres forças do mercado”, isso se deve ao fato de burguesia buscar liberdade ação para desenvolver suas atividades.
Esta omissão obrigada Estado (neste período acreditava-se que ele apenas devia intervir no que fosse indispensável) causou a criação de uma grande multidão de desamparados e excluídos pelo sistema capitalista.
Visto isso a partir do fim primeira guerra mundial (1914-1918) que deu surgimento a um imenso contingente de desamparados, autoridades estatais perceberam a necessidade de amparar e dar vida mais digna as pessoas, por isso mesmo a partir de 1917 começam a surgir constituições denominadas “sociais”. Em 1917 a constituição mexicana é a primeira a ter este status embora o marco do “constitucionalismo social” seja a constituição alemã de 1919, também chamada de constituição de Weimar.
As constituições sociais buscam conferir uma existência mais digna a todos os cidadãos uma vida digna com educação, saúde e outras assistências essenciais para o pleno desenvolvimento humano. Estas constituições criaram o que passou a ser denominado como Estado-providência, este modelo estatal gozou de muito prestígio na Europa na década de 1950 e 1960. A partir da década de 1970 o chamado neoliberalismo começa a tentar destruir todas as conquistas advindas do Estado democrático e social de direito.
Pode ser que o liberalismo funcione, mas acho que nem nos países de primeiro mundo ele funciona bem. Imagine um país que não tenha sistema de saúde pública, temos como exemplo disso os EUA, lá a saúde não é gratuita, quem tem o chamado “seguro social” tudo bem, maravilha, mas, e quem não possui este benefício? Fica ao léu, sem direito de ser atendido nos hospitais. Aqui, o sistema de saúde, apesar de precário, qualquer um pode ser atendido independentemente de ter emprego, plano de saúde ou não.
Apesar de muitos afirmarem que o Estado social é muito caro, ele é na minha visão um modelo infinitamente mais democrático, já que todos devem ter oportunidades iguais, e é nesse modelo que sempre apostarei minhas “fichas” como o mais correto para a sociedade desenvolver-se.


(*) Luiz Elias é estudante de direito. E-mail: luizelias_recht@yahoo.com.br


*para Vanúbia, amiga querida.


[1] Cf. HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.
E também, sobre a doutrina do Estado de Hobbes cf. SCHMITT, Carl. Der Leviathan in der Staatslehre des Thomas Hobbes (O Leviatã e doutrina do Estado de Thomas Hobbes).

segunda-feira, agosto 22, 2005

Crime contra direitos humanos: Desocupação

21/8/2005 07:38


Brasil pode ser condenado por ataques a moradores de rua Marcelo Gutierres São Paulo – O Brasil poderá receber uma condenação internacional devido à morosidade na apuração e prisão dos culpados pelos ataques a moradores de rua, ocorridos, há um ano, no centro da cidade de São Paulo. A afirmação foi feita, na capital, pelo ouvidor da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Pedro Montenegro. Segundo Pedro Montenegro, uma condenação na Organização dos Estados Americanos (OEA) poderá ocorrer pela morosidade e o fracasso das investigações. "Já existe na Comissão de Direitos Humanos da OEA uma reclamação sobre a morosidade e a incapacidade do Estado brasileiro em apurar o caso", informa ele. Montenegro acompanha, na capital, o subsecretário nacional de Direitos Humanos, Mario Mamede. Na passagem da data de um ano dos ataques, sem a prisão de suspeitos ou a localização dos culpados, Mamede se reuniu hoje com o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Pinheiro Pinho. Ele veio obter informações sobre o trâmite das apurações, além de fornecer, ao procurador-geral, relatórios sobre casos similares no estado que já estão com denúncias acolhidas junto à Organização dos Estados Americanos por violação dos direitos humanos.Montenegro e Mamede participarão de ato ecumênico na Praça da Sé, no centro da cidade. Há um ano aconteceram os primeiros ataques a moradores de rua, que resultaram em sete mortos e oito feridos. A longo das apurações, três policiais militares suspeitos chegaram a serem detidos, mas não foram incriminados por falta de provas.
Fonte: Agência Brasil

sábado, agosto 20, 2005

O sonho brasileiro acabou...


Lula Posted by Picasa


Esta é forma que alguns dos mais importantes setores da imprensa européia estão vendo a crise aqui no Brasil...


Imprensa de língua alemã analisa a crise do governo brasileiro, comenta o "fim da esperança da esquerda" na América Latina e diz que Lula se entendeu "bem demais" com os partidos de oposição.


"O governo de Lula distribuiu um pouquinho de dinheiro para os pobres, mas as prometidas mudanças estruturais não aconteceram. A reforma do sistema de ensino, por exemplo, nunca interessou ao presidente. [...] Os excluídos não despertaram o interesse do PT, um partido de classe média. A reforma agrária, o meio ambiente, a ampliação da infra-estrutura, tudo isso ficou estagnado, antes mesmo de começar. É visível que Lula, antes de se tornar presidente, não teve experiência de governo. Ele sempre foi candidato – nunca prefeito, nem governador, nem ministro".
Berliner Zeitung


"Lula cai tão profundamente, porque levantou com freqüência vôos altos demais. Como protetor dos pobres, combatente por uma aliança do Terceiro Mundo, defensor da moral. Dois anos e meio depois de sua posse, ele frustra quase todas as esperanças. Seu programa contra a fome e a pobreza não surtiu nem de longe os efeitos prometidos. A unidade latino-americana, da mesma forma, não foi levada adiante. E como o Brasil está ocupado demais com seus próprios problemas, o presidente populista da Venezuela, Hugo Chávez, com seus bilhões vindos do petróleo, tomou seu lugar como o grande benfeitor da região".
Süddeutsche Zeitung


Pela primeira vez um representante da esquerda [toma o poder] na história do Brasil – o país inteiro ficou cheio de bandeiras vermelhas. No seu gabinete, Lula teve, de forma semelhante à coalizão de governo social-democrata-verde em Berlim, ruidosos ex-combatentes de rua e socialistas hardcore, até mesmo ex-terroristas se agruparam ao seu redor. Ele prometeu tudo a todos e, principalmente, acabar com a fome e a pobreza. Criou o programa Fome Zero, mas, de forma geral, segurou o dinheiro. Os mercados lhe agradeceram. A moeda se estabilizou e o capital continuou no país. Lula parecia se entender bem com os grandes dos partidos burgueses. Agora veio à tona: eles se entederam bem demais".
Der Spiegel


O fiasco no Brasil deu uma pancada forte nas grandes esperanças da esquerda. Muitos já viam o nascer de uma década de socialismo, não só no Brasil, mas em toda a América Latina, como resposta à década passada no odiado neoliberalismo. Lula, com seu enorme carisma e sua biografia extraordinária – de garoto pobre a presidente da República – desempenhou neste contexto um papel importante. Ele representou e representa para muitos a esperança, mas não cumpre, no momento, suas funções de forma adequada".
Neue Zürcher Zeitung


"Frente a um socialista como Lula, que alcança em seu país um crescimento econômico de 5%, mantém uma rígida disciplina orçamentária e paga pontualmente as dívidas externas brasileiras, os líderes econômicos internacionais têm um grande respeito. Mas os sindicalistas, membros de grupos de base, ambientalistas e defensores da Teologia da Libertação se interessam, acima de tudo, pelos efeitos da política para aqueles que estão na base da pirâmide social. E para eles, a decepção aumenta a cada dia".
Der Tagesspiegel


"Agora estamos diante da dimensão política que vai além de uma crise momentânea no Brasil. Por muito tempo se pôde falar num 'modelo Lula' e este está agora em perigo. Se e como o presidente vai se estabilizar politicamente outra vez será decisivo neste momento. [...] O próprio Lula busca sua redenção ao jogar a culpa na elite política e na mídia brasileira, que estaria exagerando o escândalo, para tirá-lo do cargo. Ele, o primeiro presidente socialista do país. Muitos de seus correligionários do PT ouvem isso com prazer, pois essas palavras combinam com o modelo direita-esquerda a que estão acostumados. Mas exatamente um presidente como Lula, que havia se distanciado de tais modelos, não poderá apelar de novo para os velhos argumentos se quiser se manter no cargo".
Die Welt


"A crise política, que estremece agora o governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, deixa para trás todos os escândalos de corrupção que derrubaram o ex-presidente Fernando Collor de Mello. A mídia brasileira utiliza cada vez mais a palavra impeachment".
Frankfurter Allegemeine Zeitung


"No Partido dos Trabalhadores, os nervos estão à flor da pele. [...] Uma verdadeira indignação toma conta das bases. O grupo ao redor do ex-estrategista José Dirceu ainda têm as rédeas na mão, numa 'mistura de stalinismo com manobra de sindicato', diz uma ativista de Porto Alegre. Segundo ela, Lula governou para o capital financeiro e acalmou os pobres com auxílios como o Bolsa Família".
taz, die tageszeitung



(*) Extraído do portal "Deutsche Welle", http://www.dw-world.de/, disponível em português.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Guerra



(*) Luiz Elias Miranda


A guerra é uma das mais antigas atividades humanas, afirmam que a prostituição é a mais antiga das profissões, se for verdade isso, a guerra é uma das mais antigas ocupações; a prova disto é que quando os soldados voltavam das guerras, iam comemorar as vitórias com as prostitutas.
Desde estes tempos, a guerra já mudou muito eu perfil, antes só quem morria eram os militares (ou mercenários já que nem todos os Estados tinham um exército organizado), o século XX marcou uma mudança brusca no modo de fazer guerra, até a primeira metade do século passado o inimigo sempre era determinado, ou seja, ele tinha “um rosto”, com o advento da era do terror não mais isto é verdade.
Até a primeira guerra mundial (1914-1918), as batalhas ficavam restritas a um determinado território designado como ‘campo de batalha’, este tipo de guerra era designado como guerra de posições já que o avanço territorial era muito pouco de ambos os lados. Apesar deste conflito ser muito parecido com as guerras travadas no século XVII e XIX (homens a cavalo, armados com baionetas e espadas e combatendo ‘corpo a copo’) já eram perceptíveis algumas inovações tecnológicas da “industria da morte” como os tanques de guerra, metralhadores, granadas e a guerra aérea (motivo que levou Santos Dummont ao suicídio). Foi a partir deste conflito que os industriais perceberam que a guerra era um ótimo negócio.
A segunda guerra mundial (1939-1945) trouxe um verdadeiro aparato tecnológico para o campo de batalha. Em termos de estratégia também houveram grandes inovações, a Alemanha nazista trouxe “ares novos” ao campo de batalha quando fez ressurgir dos tempos de Bismarck (chanceler que unificou a Alemanha no século XIX) os pactos de não-agressão quando assinou o acordo de não-agressão mútua com a União Soviética. Houve também o surgimento do que foi chamado de BlitzKrieg (guerra-relâmpago), de uma vez o exército atacava pela terra, pelo ar e pelo mar, sendo assim, uma coisa avassaladora. Esta guerra também marcou o fim dos campos de batalha, a prova disto é que foi a guerra que mais vitimou civis.
Após a segunda guerra mundial os conflitos não pararam de guerras civis (como a da Nicarágua), a guerras de fragmentação nacional (como a guerra do Iugoslávia) e agora infelizmente sempre com os civis como “alvos prioritários”.
Alguns chegaram a afirmar que o século XXI apenas começou após o onze de setembro. O terrorismo foi um prática que existiu desde o século XIX, perpetuado por todo o século XX na Espanha (pelo ETA), no Reino Unido (pelo IRA), no oriente médio (pela OLP e outros grupos terroristas) e por outros grupos que acreditam que a luta armada e disseminação do terror é a melhor forma de alcançar seus objetivos. A era do terror iniciada em 2001 marca uma modificação da guerra, os inimigos a partir deste momento não mais têm um “rosto” nem uma nacionalidade definida podendo ser qualquer pessoa que transita em qualquer parte do mundo. A guerra contra o terror é uma nova fase desta que é sem dúvida alguma, a mais antiga ocupação do ser humano em geral, trazer a morte e o sofrimento a seu semelhante.



(*) Luiz Elias é estudante de direito, e-mail: luizelias_recht@yahoo.com.br


segunda-feira, agosto 15, 2005

Que bom seria se tudo acabasse em sopa...!



(*) Diorindo Lopes Júnior

Mesmo no mais alto verão, eu não dispenso um bom prato de sopa quente, nem qualquer ensopado de peixe – desde que nenhum leve chuchu.
Aproveitando que o inverno finalmente deu as caras aqui no Sudeste, vou falar de sopas.
Vivo em São Paulo, a capital mundial da comilança, e não me atrevo a afirmar que já provei míseros 2% da variedade de sopas que bares, padarias, restaurantes, cantinas, oferecem nesta época.
Conhecidos costumam dizer que eu só entro na cozinha para beber água ou pegar gelo. Não é de todo uma mentira, mas quando quero impressionar uma namorada nova, apelo para uma boa e quente sopa de saquinho. Não importa o sabor. Acrescento salsinha, louro, cebolinha, cebolona, dois tomates picados, dois ovos crus, e pimenta-do-reino branca, conforme aprendi com minha avó.
Minha avó, aliás, costumava fazer um disputadíssimo ensopado com cabeças, espinhas e rabos de peixe, que meus tios pescavam. Eu traçava dois pratos fundos com três colheres do queijo que meu avô ralava e cambaleava em passos trôpegos até a cama.
Quando o salário de meu pai chegava ao fim antes do final do mês – apenas umas dez ou onze vezes no ano, minha mãe cozinhava ovos e batatas, batia no liquidificador com meia dúzia de tomates, duas latas de sardinha, e fervia com temperos.
Noite dessas, um vento de congelar os ossos, vi um sujeito bebendo num copo americano o que me pareceu um chocolate quente. Considerei uma boa idéia e pedi um também. A moça da lanchonete disse-me que não serviam chocolate, só café, e eu apontei o sujeito.
¾ Ah, aquilo é caldinho de feijão.
Estava tão bom que encarei logo outros três copos e dispensei o jantar.
Um conhecido, fanático por iguarias japonesas, sugeriu que eu acrescente à minha sopa namoradeira, uns bons pedaços de queijo de soja, aquele sem gosto nenhum e cujo nome sempre me esqueço - tofu, mais umas pitadas de gengibre e ginseng em pó. Garantiu-me que eu iria me surpreender depois – um cínico!
Tomara, ainda não experimentei.

(*) Diorindo Lopes Júnior (www.diorindo.jor.br) e jornalista e autor de Cesta de 3 (www.aliseditora.com.br) e O Sol em Capricórnio (www.atualeditora.com.br).

Impeachment? Sem chance...

(*) Luiz Elias Miranda


Há umas duas semanas que alguns famigerados falam sobre impeachment, golpe de Estado e de qualquer forma tirar o presidente Lulla (os dois 'eles' são refências ao ex-presidente Fenando Collor de Melo).
Bem, a meu ver, este pedido que cassação do mandato de Lula é uma coisa sem sentido, nossa legislação máxima (a constituição federal) afirma que o presidente só poderá perder seu mandato em casos de crime de responsabilidade, mas, o que seriam estas famigeradas infrações que reservam uma pena tão grave como a perda do cargo que mais concentra poder me nosso país?
Para simplificar, vou pegar emprestado a definção de Damásio E. de Jesus, um dos maiores penalistas brasileiros vivos.
A expressão “crime de responsabilidade”, na legislação brasileira, apresenta um sentido equívoco, tendo em vista que se refere a crimes e a infrações político-administrativas não sancionadas com penas de natureza criminal.
Em sentido amplo, a locução abrange tipos criminais propriamente ditos e fatos que lesam deveres funcionais, sujeitos a sanções políticas. Em sentido estrito, abrange delitos cujos fatos contêm violação dos deveres de cargo ou função, apenados com sanção criminal. Por sua vez, os delitos de responsabilidade propriamente ditos, aqueles considerados em sentido estrito, estão previstos no Código Penal (crimes comuns) e na legislação especial (crimes especiais).
Assim, crime de responsabilidade, em sentido amplo, pode ser conceituado como um fato violador do dever de cargo ou função, apenado com uma sanção criminal ou de natureza política. Pode-se dizer que há o crime de responsabilidade próprio, que constitui delito, e o impróprio, que corresponde ao ilícito político-administrativo (“crime que não é crime”).[1]
"Trocando em miúdos", o pedido de impeachment só pode ser feito num caso em que uma autoriade política omitiu-se de um dever que era prerrogativa de sua função, ou a violação de um dever de agir também caro a função política-administrativa que ocupa.
Portanto, até que seja provado que o presidente Lula tinha conhecimento da 'porcalhada' que vinha rolando no congresso nacional, o pedido de cassação é pura especulação. Alguns desocupados já começam a se movimentar fazendo passeatas pedindo 'fora Lula'. Os adeptos da mobilização civil que me perdoem (em especial o Diorindo), mas isso nada resolve, alguns ainda têm a ilusão de que foram os caras pintadas que expulsaram Collor do planalto, a maioria das pessoas que tenham um mínimo de consciência sabem que quem tirou Collor de Brasília foi a rede globo de televisão que, mesmo tendo apioado (e também dado uma forcinha) para a vitória de Collor, nos últimos tempos daquele governo tinha os interesses ameaçados pelo 'riquinho das alagoas'.
Eu mesmo não acredito que Lula possa ser cassado e nem que este processo de impeachment chegue a ser aberto. Definitivamente, estão fazendo muito barulho por uma coisa que não vai dar em nada. FHC cometeu crimes muito mais graves em sua administração e ninguém (fora o PT) 'pediu sua cabeça' e, venhamos e convenhamos, FHC também não tinha a maioria que Lula tem no congresso nacional.







[1] JESUS, Damásio de. Ação penal sem crime. São Paulo: Complexo Jurídico Damásio de Jesus, nov. 2000. Disponível em: www.damasio.com.br/novo/html/frame_artigos.htm.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: miranda_pb@hotmail.com

terça-feira, agosto 09, 2005

11 de agosto sem nada a comemorar...

(*) Luiz Elias Miranda


Próximo dia onze de agosto será comemorado o 'dia do advogado', este dia foi eleito pela OAB (ordem dos advogados do Brasil) por ser este o dia que marca a criação dos cursos jurídicos aqui no Brasil, fato ocorrido ainda no século XIX.
A OAB é um dos mais importantes movimentos sociais de nosso país, em importantes momentos de nossa história procurou defender a liberdade, a democracia, a república, as liberdades individuais e outros direitos que em dados momentos eram ameaçados. Realmente a OAB é um dos mais importantes entes de defesa de nossas instituições, além de regular uma das mais importantes atividades para a prestaçção jurisdicional que é a advocacia.
Só que em nosso país, a OAB vive um momento delicado, sem nenhum motivo a comemorar. O porquê desta falta de entusiasmo irei explicar a seguir...
Muitos de seus membros encontram-se envolvidos em escândalos de repercussão nacional, dos envolvidos, o mais 'ilustre' seria o 'nosso' Roberto Jeferon (ou Bob Jeff como gosta de falar nosso Diorindo...) que antes de tornar-se um dos operadores do mensalão e jogar um monte de excrementos do ventilador político nacional com um nível jamais antes visto de cinismo, era um famoso advogado criminalista carioca.
Fora a parte dos escândalos, a OAB também vem sendo omissa em algumas de suas mais primordiais funções, anda sem iniciativa em combater a progressiva dominação da democracia pelos vorazes possuídores do capital que, financiando políticos de moral dúbia, compram 'a melhor democracia que o dinheiro possa pagar' (uma das mais importantes comissões da OAB é o comitê de defesa das democracia e das instituições democráticas), entre outras omissões que seriam inadmissíveis num órgão com um mister tão importante como a OAB.
Fora os membros envolvidos em escândalos, em nosso país o ensino jurídico encontra-se numa profunda crise, a qualidade do ensino em nosso país tem caído, a proliferação de faculdades particulares de duvidosa qualidade (não estou questionando as universidades privadas em geral, só algumas, as surgidas nos últimos anos com pouca estrutura e péssima qualidade de ensino) e o sucateamento das universidades públicas tem transformado a maioria das faculdades de direito em meros 'fabricantes de bacharéis de papelão'. Esta realidade tem sido comprovada nos altos índices de reprovação do temido exame de ordem sempre promovido pela OAB que em alguns estados chega a ultrapassar os 90%.
Há muitos anos a decadência do direito e a crise do ensino jurídico, Pontes de Miranda (1892-1979), ilustre jurista brasileiro de renome internacional, já apontava sobre a crise do ensino jurídico desde a década de 1950, Paulo Bonavides afirma que o direito, em especial o Estado constitucional, estaria em crise há pelo menos uns 250 anos!
Realmente, a OAB não tem o muito o que comemorar neste dia 11...
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias_recht@yahoo.com.br

sexta-feira, agosto 05, 2005

Para' Iwa

(*) Luiz Elias Miranda


Hoje terei de ser um pouco bairrista, tenho que homenagear minha terra, na minha opinião, o mais belo lugar do mundo.
A Paraíba 'nasceu' no dia cinco de agosto de 1585 (dia nossa senhora das neves), depois de mais de dez anos tentando, as forças da coroa portuguesa conseguira conquistar a Paraíba construíndo uma fortaleza no estuário no rio Paraíba (palavra originária do tupi, Para'Iwa significa "rio imprestável para navegação) e como era o dia de N. Srª das Neves, a fortaleza que daria origem à cidade foi batizada como Filipéia de N. Srª das Neves (filipéia pelo fato de Portugal estar sob o domínio espanhol - alguém lembra da união ibérica? - e consistir numa homenagem ao rei da Espanha Felipe II).
Poucos anos após a conquista e o estabelecimento da Capitania real da Parhayba, a região foi dominada pelos holandeses, com o aval de Maurício de Nassau (a bicha louca da cia das índias ocidentais), o governador Helias van Heckmann modificou o nome da cidade para FrederickStaadt (a cidade de Frederico, rei daHolanda na época).
Após a retomada do território pelos portugueses, a cidade voltou a chamar-se Parahyba até 1930, ano em que foi assassinado o presidente do estado, João Pessoa (assassinato este que serviu como estopim para arevolução de 1930 e que abriria as portas para Getúlio Vargas tomar o poder e mais tarde decretaro Estado Novo).
Bem, A minha Paraíba pode não ser o melhor estado do país para se viver, nem ser o mais rico. Ao contrário, é lugar bem pobre, onde a distribuição de renda é bem desigual, muitas pessoas não têm as oportunidades que todos deveria ter, mas eu insisto, sou apaixonado por este lugar. Mesmo com todos os seus problemas, não deixo de achar a Paraíba um dos lindos lugares do mundo (se não for o mais...), de uma beleza singular, de um povo alegre apesar de tudo.
Em outras palavras, só quero dizer: parabéns Paraíba nos seus 420 anos!!!
(*) Luiz Elias é estudante de direito e paraibano fanático. e-mail miranda_pb@hotmail.com