:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

segunda-feira, agosto 15, 2005

Que bom seria se tudo acabasse em sopa...!



(*) Diorindo Lopes Júnior

Mesmo no mais alto verão, eu não dispenso um bom prato de sopa quente, nem qualquer ensopado de peixe – desde que nenhum leve chuchu.
Aproveitando que o inverno finalmente deu as caras aqui no Sudeste, vou falar de sopas.
Vivo em São Paulo, a capital mundial da comilança, e não me atrevo a afirmar que já provei míseros 2% da variedade de sopas que bares, padarias, restaurantes, cantinas, oferecem nesta época.
Conhecidos costumam dizer que eu só entro na cozinha para beber água ou pegar gelo. Não é de todo uma mentira, mas quando quero impressionar uma namorada nova, apelo para uma boa e quente sopa de saquinho. Não importa o sabor. Acrescento salsinha, louro, cebolinha, cebolona, dois tomates picados, dois ovos crus, e pimenta-do-reino branca, conforme aprendi com minha avó.
Minha avó, aliás, costumava fazer um disputadíssimo ensopado com cabeças, espinhas e rabos de peixe, que meus tios pescavam. Eu traçava dois pratos fundos com três colheres do queijo que meu avô ralava e cambaleava em passos trôpegos até a cama.
Quando o salário de meu pai chegava ao fim antes do final do mês – apenas umas dez ou onze vezes no ano, minha mãe cozinhava ovos e batatas, batia no liquidificador com meia dúzia de tomates, duas latas de sardinha, e fervia com temperos.
Noite dessas, um vento de congelar os ossos, vi um sujeito bebendo num copo americano o que me pareceu um chocolate quente. Considerei uma boa idéia e pedi um também. A moça da lanchonete disse-me que não serviam chocolate, só café, e eu apontei o sujeito.
¾ Ah, aquilo é caldinho de feijão.
Estava tão bom que encarei logo outros três copos e dispensei o jantar.
Um conhecido, fanático por iguarias japonesas, sugeriu que eu acrescente à minha sopa namoradeira, uns bons pedaços de queijo de soja, aquele sem gosto nenhum e cujo nome sempre me esqueço - tofu, mais umas pitadas de gengibre e ginseng em pó. Garantiu-me que eu iria me surpreender depois – um cínico!
Tomara, ainda não experimentei.

(*) Diorindo Lopes Júnior (www.diorindo.jor.br) e jornalista e autor de Cesta de 3 (www.aliseditora.com.br) e O Sol em Capricórnio (www.atualeditora.com.br).