:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quarta-feira, março 30, 2005

Eric Clapton, 60 anos


clpton Posted by Hello


(*) Luiz Elias Miranda


No dia trinta de março de 1945 na cidade Surrey, Inglaterra, nascia Eric Patric Clapp, jovem de classe média que anos mais tarde viria tornar-se um dos maiores nomes do estilo musical conhecido como blues em todos os tempos, conhecido por seu estilo forte como “Slowhand”.
No blues, uma forte tradição acaba com muitos talentos. Tradicionalmente, os primórdios do blues no sul dos EUA no século XIX eram negros, descendiam de escravos, mal desenhavam o nome, trabalharam no cultivo do algodão até terem lordose e o contato constante com o sofrimento e a miséria fez com que estes pioneiros desenvolvessem uma melancolia que posteriormente seria transformada na beleza de escalas pentatônicas[1] que é o blues. Numa seara dominada por negros, alguns brancos como Clapton, Johnny Winter e Steve Ray Vaughan se aventuraram e gravaram seus nomes na história deste estilo musical.
Alguns biógrafos deste inglês afirmam que o que fez o jovem Eric entrar em contato com a tristeza que o levou ao blues foi o fato de ter crescido sem os pais que se separaram logo que ele nasceu, criado pelos avós, aos catorze anos despertou para o blues graças ao presente que ganhou do avô: um violão. Um ano depois ganhou em seu aniversário uma guitarra e passava horas trancado no porão de sua casa “aprendendo” com os discos da velha guarda do blues: B.B. King, Albert King, Freddie King (os ‘soul brothers’), Buddy Guy , Hank Marvin (referência de dez entre dez guitarristas britânicos da época de Clapton) e Robert Johnson (segundo o próprio Clapton, sua maior inspiração).
Depois de passar por várias bandas pequenas, em 1964 faz sua primeira gravação no grupo londrino Yardbirds (famoso grupo de blues-rock que conseguiu a façanha de ter como guitarristas o Clapton, Jeff Beck e Jimi Page que mais tarde formaria o Led Zeppelin), foi nesta época que as paredes do metrô de Londres amanheceram pichadas com a frase “Clapton is God” (Clapton é Deus). Após sair do Yardbirds, ele mergulha fundo nas drogas (cocaína e heroína eram suas favoritas), forma o Cream junto com Jack Bruce (baixo) e Ginger Baker (bateria) e quebra todas as definições para um trio musical, era tempos de lisergia e destruir as estruturas era moda e os tempos não eram fáceis, num mesmo país concorriam na parada musical o Cream, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e Rolling Stones.
Após o fim do Cream, ele freqüenta diversos grupos: Fleetwood Mac, Blind Faith e Derek and the Dominós (tentava esconder seu nome, buscava anonimato devido a problemas com a fama gigantesca que alcançara). Neste último (Derek and the Dominós), ele gravou um de seus maiores sucessos e um de seus melhores discos até hoje, o disco chama-se Layla and Other Assorted Love Songs (1970). Neste disco está Layla, seu maior sucesso, esta música tem uma história muito interessante: em 1966, o guitarrista do Beatles, George Harrison (1949-2001) e seu grande amigo, casou-se com uma grouppie[2] chamada Patrícia Boyd, após a primeira briga do casal, ela veio se consolar com Clapton (muy amigo!!!) e ele no melhor estilo “me apaixonei pela garota de um amigo meu” caiu de amores por Patrícia, na primeira oportunidade ele a fez uma proposta pra lá de indecente, ela não quis nem saber dele, Clapton por sua vez ficou muitíssimo deprimido, trancou-se em sua mansão, mergulhou de vez nas drogas mais pesadas e lendo livro do poeta persa Nizami chamado Layla e Majnum (que fala da história de como uma paixão por uma mulher pode levar um homem à loucura), escreveu todas as letras de o supracitado disco que é todo dedicado a Patty, em especial a música Layla. Em 1979, depois que ela separou-se de Harrison casou com Clapton.
Após 1973, quando se lança em carreira-solo, uma verdadeira confusão abate-se sobre ele: converte-se ao cristianismo para se livrar das drogas e adere ao pop e simultaneamente deseja fazer músicas mais pesadas. A partir deste período trafega meio que à deriva por vários estilos: reggae, pop, rock, bossa nova, mas sempre tendo o blues como guia. E é no blues que ele se mostra mais criativo e à vontade, os seus discos mais ‘bluseiros’ como MTV Unplugged (1992), From the Craddle (1994), Riding with the King – Eric Clapton n’ B.B. King (2000) e Me and The Mr. Johnson (2004) não me deixam mentir.
Desde seu aparecimento na cena musical quarenta anos atrás, ele vem servindo ded inspiração para vários guitarristas novos como Steve Ray Vaughan, Kenny Waynne Shepperd, Brian May (do Queen) e Eddie Van Halem (quem em 1985 juntou-se a May e gravou um disco-tributo a Clapton intitulado “Star Fleet Project).
É desta forma que tento fazer meu humilde, mas do fundo de coração de fã confesso fechar a minha modesta homenagem a este que considero um dos maiores músicos, cantores e pegadores de todos os tempos: CLAPTON IS GOD!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!.


[1] Escala pentatônica: Tipo de escala musical que faz uso apenas das cinco primeiras notas da escala diatônica, por exemplo: dó, ré, mi, fá e sol. É neste tipo de escala que o blues baseia seu desenvolvimento temático-musical.

[2] Fãs que a todo custo querem manter algum tipo de relacionamento (principalmente sexual) com seus ídolos.
(*) Luiz Elias é estudante de direto pela Universidade Estadual da Paraíba, fanático pelo Clapton e em comemoração vai passar esta semana escutando todos os cds do Clapton que tem em casa. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br

Mudança de visual

(*) Danielly Melo Alves

Ao passarmos peles prédios públicos de muitas cidades, percebemos algo interessante. Veremos que a maioria desses prédios está mudando de cor! Não parece para nós, que infelizmente nos conformamos em ser meros espectadores do governo da elite, que tais mudanças, que a princípio, demonstra ser apenas de caráter estético, algo tão urgente que faça com que os novos administradores públicos se preocupem em fazê-las tão rapidamente.
Se fomos analisar essas mudanças com mais precisão, veremos que não são apenas de caráter estético, verificaremos que há um sentimento de “quem manda agora aqui sou eu” em tais modificações das cores das fachadas dos prédios públicos.
Não é mera coincidência que as novas cores desses prédios sejam exatamente as cores da campanha política dos novos administradores públicos (chegando a esse ponto queremos deixar claro que não estamos querendo criticar nem “a” nem ”b”, pois nosso objetivo é apenas analisar esse fato comum a todos os políticos quando chegam ao poder) é exatamente pelo instinto que eles impõe que os prédios e até mesmo o fardamento dos alunos das escolas públicas sejam da cor da sua campanha, esse instinto se assemelha com o do animal que garante seu território de maneiras mais variadas e engraçadas também (como demarcar seu território através da urina). E é através da mudança de cor que eles fazem com que, o povo e seus adversários políticos, lembrem-se de que quem possui o poder agora são eles.
Classificamos essa atitude de tais governantes como no mínimo pueril. Não que reformas nos prédios públicos sejam desnecessárias, mas porque cremos, que o grande objetivo de uma oposição quando chega ao poder é exatamente mudar o sistema degenerado e sujo que havia na administração anterior e trazer de volta ao povo, que lhe deu um voto de confiança, a dignidade de viver sem o peso e as conseqüências de atos de corrupção em sua cidade ou estado.
Na realidade tudo isso não passa de uma observação. O que queremos mostrar com toda essa análise é que não adianta tentar “demarcar território” o que o povo deseja é trabalho, mudanças positivas, não só na estética, mas também no sistema de governo.
E ainda queremos deixar o apelo para aqueles que ainda se iludem com “mudanças de visuais” Queremos que vocês percebam o quanto é importante ter uma sociedade dinâmica, uma sociedade que vá a luta para que seus direitos e garantias possam ser cumpridos por quem deve e que propagandas e sorrisos simpáticos não vos iludam, pois o que interessa são as mudanças de caráter administrativo, mudanças que possam ser positivamente sentidas pelos membros da sociedade.
Não adianta ficarmos esperando milagres, o que temos que fazer é estarmos sempre atentos aos atos dos administradores públicos, pois qualquer deslize que eles derem, quem sofre as conseqüências sempre é o povo, que apesar de ser maioria é vítima desse sistema de constate corrupção e metamorfose política.
Por fim, o que importa não é a cor do prédio, mas como o prédio está sendo organizado e quais as atitudes o administrador está tomando, se são maléficas ou benéficas ao povo.
(*) Danielly é estudante de direito do IESP. e-mail: ellynda@hotmail.com

domingo, março 27, 2005

MST, a ordem e o caos

(*) Luiz Elias Miranda



Muitos acreditam ser o MST (movimentos dos trabalhadores sem-terra) um dos grandes geradores de badernas e demais afins ligados a um sinônimo de bagunça. Essa afirmação não deixa de ter um certo fundo de verdade, entretanto, algumas coisas devem ser esclarecidas, o MST é um dos mais legítimos movimentos sociais existentes em nosso país.
A criação do MST remonta a um passado não muito distante, o que serviu de embrião para o MST foram as ligas camponesas, um movimento popular surgido na década de 60 no nordeste com o entusiasmo com o estatuto do trabalhador rural e com as anunciadas “reformas de base” prometidas por Jango, encabeçado e apoiado por líderes políticos como Francisco Julião, Miguel Arraes, Celso Furtado (nesta época, superintendente da SUDENE do governo João Goulart), Agassiz Almeida e tantos outros políticos nordestinos.
Pelo passado do MST, percebe-se que ele não é simplesmente este órgão de baderna institucionalizada conduzido pelo João Pedro Stédille, este sim, um baderneiro de primeira classe.
A grande questão é o uso ideológico deste movimento, uma grande polêmica ideológica e vários oportunistas de caráter no mínimo duvidoso circundam o movimento dos trabalhadores sem-terra.
Antes de tudo, tratam a questão da concentração fundiária como se fosse um problema econômico. Esta é uma problematização totalmente errada, a concentração fundiária no Brasil é um latente problema social que há séculos aflige nossa sociedade e não um problema econômico como muitos insistem em afirmar. Não uma questão econômica pelo fato de a agricultura que gera lucro no país é o agronegócio[1] e as famílias que compõem o MST, em sua completa totalidade, tem a intenção de praticar agricultura familiar, prática que não dá lucro nenhum, ao contrário, dá prejuízo muitas vezes.
Um dos grandes desafios para o governo, que vem desde a gestão FHC implementando um programa de assentamento rural, é manter as famílias assentadas no campo, mas não tem obtido muito êxito neste ponto. Como a maioria das famílias assentadas é pobre, não têm dinheiro para arcar com o ônus que acompanha a agricultura, como não obtém ajuda governamental, essas famílias acabam vendendo a terra e regressando aos quadros do movimento ou tendo as terras tomadas pelos serviços de execuções dos bancos que financiam os custos dos plantios e não são pagos pelas famílias.
A prática errada que vem assomar-se a este quadro desolador é que o governo vem acobertando e até financiando práticas não justificáveis do MST tais como invasões a propriedades produtivas ou até mesmo invasões a propriedades que nada tem de rurais como eu mesmo já vi.
Enquanto oportunistas e pseudoideólogos (leia-se João Pedro Stédille) compuserem os quadros do MST, ele não passará de uma gangue de baderneiros que envergonha a memória dos já saudosos e causam desilusão nos que um dia tiveram a idéia de fundar um movimento social que ansiasse lutar contra a concentração fundiária que há séculos afirma-se como mais uma das chagas sociais em nosso país.



[1] Prática agrícola em grandes propriedades rurais, com a implementação de alta tecnologia, mão-de-obra qualificada e elevados índices de mecanização.
(*) Luiz Elias é estudante de direito pela Universidade Estadual da Paraíba. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br

sexta-feira, março 25, 2005

Vamos mudar

(*) Danielly Melo Alves


Todos nós queremos encontrar um culpado para situação ridícula e deplorável em que o Brasil se encontra. São raras as pessoas que tentam encontrar uma solução, mas culpados são apontados todos os dias. Na verdade não existe um culpado.
O que ocorreu no Brasil foi uma prolongada e constate implantação de meios de alienação dentro da nossa sociedade que trouxe como conseqüência o que podemos denominar de ignorância política generalizada procedida de infundado medo de expor opiniões e exigir que seus direitos sejam cumpridos.
Esse processo de alienação ocorreu de varias maneiras.
Muitas vezes percebemos isto acontecer dentro da própria escola. Lugar que tem por objetivo formar cidadãos conscientes e repassar informações necessárias para que o “futuro cidadão consciente” possa viver em igualdade com os outros membros da sociedade. Em nosso país as escolas PÚBLICAS não funcionam desse jeito, pelo contrário, incentivam a inércia mental e a alienação política. Como em nosso Brasil a maioria da população tem apenas acesso à escola pública, essa alienação se torna algo generalizado e assustador!
Outra forma de disseminação da ignorância política é o incentivo da “paralisia cerebral”. Essa paralisia não traz danos físicos para quem a possui. As principais características da pessoa atingida por esse mal são exatamente a insuficiência vocabular, a ignorância cultural, moral e principalmente a política. O principal meio incentivador dessa “paralisia” vem sendo a deformação da nossa cultura. É fato que em se não em todas, mas na maioria das rádios brasileiras sempre tem no meio das músicas mais pedidas pelos ouvintes, aqueles tipos de música que possuem letras de nível pré-escolar, onde o “cantor” perde alguns dez minutos da sua existência na Terra, repetindo incansavelmente aquelas mesmas três “originais e difíceis frases”. Inconscientemente essas músicas servem para o enfraquecimento das habilidades mentais de quem escuta. Não é necessário refletir em algo que tem por objetivo fazer mexer o exuberante traseiro feminino. Logo, o cérebro adquire uma certa preguiça de raciocinar. Essa preguiça de raciocinar leva o individuo a não mais enxergar os problemas políticos do nosso país. É como se a maioria do povo fosse hipnotizado.
O problema da ignorância política do povo é o que faz o Brasil ser esse país de contrastes. O subdesenvolvimento não atinge apenas nossa economia, atinge até nossas mentes.
Para resolver essa situação seria necessária a união de quem ainda não foi “hipnotizado”. Se nós que somos imunes a esse mal, nos uníssemos em um trabalho conjunto de reabilitação política e cultural do povo, teríamos assim do nosso lado a maioria, logo poderíamos lutar juntos contra a corrupção, o sistema de apadrinhamento que os políticos insistem em manter até hoje e lutar principalmente pela igualdade social.
Esse ano é uma ótima oportunidade para isso. Se começássemos a agir logo que o processo de metamorfose política* começar a acontecer poderíamos reverter esse quadro deplorável e triste em que o Brasil se encontra em um período de tempo relativamente rápido. Não sejamos egoístas como o restrito grupo dominador do poder, vamos trabalhar na conscientização de nossos semelhantes, vamos mostrar a eles o quanto é bom investir em informações produtivas e ser capaz de enxergar os problemas sociais e lutar para que eles mudem.
A solução dos nossos problemas seria a união seguida de uma revolução**!



* Metamorfose política é aquele habitual processo de repentina mudança na forma de pensar e agir dos governantes eleitos assim que assumem o cargo.
** Quero deixar claro que não estou fazendo apologia a revolução que derrama sangue de pessoas inocentes, mas quando falo em revolução, sugiro uma revolução nas mentes, nos pensamentos, na atitude do povo.
(*) Danielly Melo Alves é aluna de direito do IESP. e-mail: ellynda@hotmail.com

terça-feira, março 22, 2005

Semana Santa e as controvérsias nacionais

(*) Luiz Elias Miranda


Semana Santa, bacalhau, vinho, ovo de páscoa, quem sabe até uma missa pra assistir algumas das milhares representações da “paixão de Cristo” que acontecem pelo país. A semana Santa celebra na realidade o mistério maior do cristianismo, fato singular na história humana por ter modificado relações entre dois povos (neste caso o palestino e romano), ter sido um marco na teologia e dado origem à sociedade ocidental que hoje conhecemos é motivo (de novo uma festa religiosa é usada para faturar mais um pouco, até porquê, $$$$ nunca é demais não?) de lucro e feriadão.
Mas, desta vez, ao contrário do que escrevi no natal, não criticarei o comércio desmedido que retira o significado de festas que, a priori, nada têm de comerciais. A grande questão, ou melhor, o grande problema é o feriadão que para alguns só começará na sexta-feira e para alguns começou desde sexta passada. Ele simplesmente não deveria existir ou, no máximo, só a sexta-feira santa é que o ‘ponto’ deveria ser facultado, afinal, o Brasil é o maior país católico do mundo e aproximadamente 75% de nossa população é católica (ou pelo menos se declarou assim no censo 2000 que o IBGE promoveu).
Não é nenhum problema relacionado a uma tentativa de “lucro e produção 100%” advindo de algum desprezível modelo capitalista-toyotista[1], longe disso. O problema todo é o fato da semana Santa ser um feriado religioso, mas o Estado não é laico?
Desde 1889 (ano da proclamação da república) o Estado brasileiro não tem nenhuma relação institucional com a Igreja Católica Apostólica Romana. No período imperial (1822-1889) a igreja e o Estado eram coligados, o regime do padroado fazia que os sacerdotes se submetessem à autoridade imperial, os padres eram como funcionários públicos, até recebiam salários, portanto, era íntima a ligação entres estas duas instituições nesse período. Com o advento da república federativa de forte inspiração positivista esta “relação institucional” entre a igreja e o Estado foi rompida (acho que foi uma das únicas realizações admiráveis do positivismo brasileiro); uma célebre frase de Rui Barbosa ilustra bem esta lascisão[2]: “Igreja é Igreja. Estado é Estado[3]”.
Mas, apesar de mais de cem anos passados desta separação, na práxis, Estado e Igreja Católica ainda não se separaram totalmente. Para se ter uma idéia, a maioria dos feriados em nosso calendário são religiosos, chegando em qualquer sala de audiência de órgãos jurisdicionais ou em repartições públicas, pode haver outras coisas, mas quase sempre há um crucifixo. E então, onde está o caráter laico do Estado? Este poderia ser um dos primeiros problemas institucionais do Estado que poderiam ser resolvidas, afinal, muitos de nossos problemas devem-se graças a intrínsecas deficiências estruturais em nossas instituições jurídico-políticas que não são sólidas o bastante e empacam de certa forma nosso desenvolvimento.

[1] Toyotismo: modelo industrial de produção surgido no Japão a partir da década de 1960 em substituição ao antigo “fordismo”, conhecido também como modelo industrial just in time. Ao invés da linha de produção fabril primar por produções em série gigantescas como as existentes no modelo fordista e que proporcionavam muita perda na linha de produção e, conseqüentemente, prejuízo, o modelo JIT prima por uma linha de produção não em série e em grande quantidade e sim, uma produção direcionada para um pedido previamente solicitado e com mão-de-obra altamente especializada e qualificada. Dessa forma, menor irá ser o desperdício e, conseqüentemente, os lucros.
[2] Quebra, rompimento.

[3] Importante ser ressaltado que apesar desta frase usada para ilustrar a passagem Rui Barbosa não era positivista, ele era adepto do mesmo ‘espírito federalista’ assim como os positivistas como Benjamin Constant (grande ideólogo do positivismo brasileiro no início da república), mas ideologicamente, ele era mais caro ao liberalismo.
(*) Luiz Elias é estudante de direito pela Universidade Estadual da Paraíba e quando era guri, era fã do Jaspion.

sábado, março 19, 2005

Pompa de comunista, conta bancária de capitalista

(*) Luiz Elias Miranda



Em janeiro 1959, após alguns anos de luta embrenhados nas florestas de Sierra Maestra, os jovens Ernesto “Che” Guevara e Fidel Castro (os dois provenientes de famílias abastadas, o primeiro era médico e o segundo advogado) auxiliados por forças milicianas, conseguiram derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista e iniciaram a tentativa da implantação de um governo comunista, fato que desagradou bastante os Estados já que a ilha era quase um protetorado seu e nela havia vários investimentos, inclusive uma base militar.
Com o passar dos anos, o que pode ser visto em Cuba variou bastante, da euforia dos anos que, com ajuda financeira da União Soviética (que comprava todo seu açúcar e remetia uma ajuda financeira estimada em cerca de US$ 50 milhões) Cuba consolidou-se como o país que possuía uma dos melhores sistemas educacionais do continente e os melhores médicos do mundo só restou lembranças. Com o fim da U.R.S.S. em 1991, toda a ajuda financeira foi suspensa e o país começou a mergulhar num abismo que parece não ter fim. O país que em tempos passados tinha a melhor educação do continente, hoje em dia vê seus profissionais mais qualificados tentarem, desesperadamente, fugir para Miami, suas taxas de analfabetismo crescerem ano a ano, suas idades urbanisticamente estarem congeladas e passarem a impressão que ainda vivem na década de 50 e a prostituição consumindo a vida de muitos de seus jovens.
A situação de Cuba, um dos últimos asquerosos governos que usurparam o termo comunista para constituírem ditaduras totalitárias de esquerda como eram os governos dos países do leste da Europa, da África e da Ásia, não é nenhuma novidade. O que impressiona é um mero detalhe divulgado pela imprensa na última semana, na onda das listas das pessoas mais ricas do mundo, a revista americana Forbes “ranqeou” os chefes de Estado mais ricos do mundo, até aí nada de mais. O que causa espanto é que ao lado de chefes como o Sultão de Brunei, a rainha Elizabeth II e o príncipe da Arábia Saudita esteja o “velho barbudão” (Fidel Castro).
Afirmar que um país seja comunista não implicaria o (pelo menos virtual) nivelamento salarial dos habitantes de um certo país? Então como Fidel conseguiu acumular cerca de quinhentos e cinqüenta milhões de dólares? Obviamente que as pessoas em Cuba não estão ganhando tão bem assim (pelo menos se trabalhares em alguma atividade lícita). O fato é que Fidel, aproveitando suas prerrogativas de chefe absoluto para lucrar com contratos estatais e outras atividades, legais ou não.
É com essas “pequenas coisas” que me desanimo e cada mais acredito que nunca poderá haver um governo realmente socialista ou comunista na terra enquanto o homem for dotado desta insaciável sede de poder e dinheiro. Talvez haja uma esperança lá no fim do túnel, quando as baratas dominarem a terra.
(*) Luiz Elias é estudante de direito. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br