:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quarta-feira, outubro 13, 2004

Perdemos um gênio por dia

(*) Manoel Neto

Muitos dão conselhos aos jovens para que estes escolham carreiras profissionais que lhes tragam satisfação pessoal, e não somente financeira, que busquem profissões as quais eles irão sentir verdadeiro prazer em exerce-las. Mas todos sabem que na prática não é bem assim. Antes de falarmos desse assunto propriamente dito, devemos analisar a situação em que se encontra a educação no Brasil, como esta prepara os jovens para futuramente serem profissionais. O jovem, desde os quatro anos de idade, em média, entra no colégio, e lá, além de ter contatos com outras pessoas da sua faixa etária e assim aprender a se socializar, entra em uma rotina de estudo, que em uma época da sua vida deverá ser diária. Mas quando a criança é muito jovem ainda, e é obrigada a estudar quando na verdade gostaria de brincar, isso inconscientemente cria um sentimento de repúdio no jovem, e conseqüentemente acaba achando que estudo é algo chato que deve ser deixado em segundo plano. E nessa rotina o jovem vai crescendo, até chegar ao Ensino Médio, e em pouco tempo irá prestar vestibular.
Aqui chegamos onde queríamos, o vestibular. Muitos se arrepiam quando escutam essa palavra. O vestibular foi criado para selecionar os melhores estudantes que querem entrar em um determinado curso universitário, submetendo-os a uma mesma prova, e isso para dar iguais condições da possível entrada em um curso superior, todavia, essa igualdade que se fala não existe, pois, como diria Rui Barbosa, “A igualdade só existirá, quando os desiguais forem tratados com desigualdade”. Pois bem, submeter todos os estudantes a uma mesma prova de vestibular, aliás, submeter todos os estudantes a um mesmo sistema educacional é uma falha grande para com os estudantes e com a própria Pátria. A própria palavra educar, quer dizer, segundo o Aurélio, transmitir conhecimentos a; domesticar; domar; ou seja, o estudante é domado a fazer tudo aquilo que uma pessoa descobriu ou inventou, e esta pessoa que inventou ou descobriu, vide história, muitas vezes não teve o estudo como uma rotina chata de acordar todo dia às sete horas e etc, ela descobriu aquilo dentro de si, ela fez por prazer, não por obrigação. Albert Einstein foi chamado de retardado por um professor, e se dependesse desse professor, nós teríamos um gênio a menos nesse mundo de gênios fortes. Nós perdemos um gênio por dia com esse sistema educacional que tão bem ensina seus súditos a seguirem ordens, e se, por algum motivo, algum dos seus seguidores pretenderem ir para outro caminho, o caminho da descoberta, da liberdade, este irá sofrer graves conseqüências. Mais uma vez irei usar uma frase do nosso estimado Rui Barbosa, “Vulgar é o ler, raro é o refletir”. O sistema ensina o jovem a ler, e o desestimula a refletir. Não se investe na formação de um novo Beethoven ou de novos Beatles, se ensina a ser iguais a Beethoven e aos Beatles. Quantos políticos, músicos, filósofos e tantos outros profissionais excepcionais não perdemos? E eu uso o verbo nessa pessoa porque todos perdemos quando um mau profissional toma a cadeira de um verdadeiro profissional. Já paramos para ver quantos músicos médicos temos hoje nos hospitais, quantos militares advogados, quantos filósofos arquitetos, quantos geógrafos administradores de empresa? Sonhos são descartados todos os dias na luta pela sobrevivência neste mundo capitalista, que tira o profissional de dentro de nós, e o transforma em uma máquina seguidora de instruções.
Estudantes são robôs, que não têm tempo pra ler um jornal, ler um livro, assistir uma peça de teatro ou escutar uma boa música. E isso os enfraquece culturalmente, vide a cena cultural do Brasil. E o preço disso é, além de maus profissionais a nossos serviços, o futuro fracasso pessoal que esse profissional irá se descobrir inserido. Como diria o prêmio Nobel, Gabriel Garcia Márquez, “Do pedreiro ao médico, o melhor dos profissionais é o que é poeta”. Poeta, no Aurélio, quer dizer “Aquele que cria”, e um bom profissional, não é necessariamente aquele que segue ordens e instruções, mas sim, aquele que se sente a vontade no seu emprego para criar e despejar seu potencial naquilo que realmente gosta.Mas enfim, o canibal mundo capitalista continua, e o que devemos fazer para conseguirmos uma satisfação profissional? Fazer o que gostamos. Tão simples essa resposta, e mesmo assim o mundo anda dessa maneira. Mas para os cedentes de coisas novas, para saber o que você realmente quer, se faça essa pergunta: “O que eu faria de graça? E o que eu pagaria para fazer?”

(*) Manoel César de Alencar Neto (Mané): É estudante do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Objetivo Guarabira.
E-mail: netoalencar@uol.com.br