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Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

segunda-feira, julho 10, 2006

Reflexões acerca da ética


(*) Luiz Elias Miranda

A ética é uma palavra muito pronunciada nos últimos tempos (em especial aqui em nosso Brasil), a tendência é que com o início da corrida eleitoral ele torne-se ainda mais usada, se bem que de uma forma um tanto vazia, chego assim à conclusão de que não temos um conceito exato do que viria a ser realmente a palavra ética e ser exercício.

A ética (palavra originada diretamente do latim ethica, e indiretamente do grego ηθική, ethiké) é um ramo da filosofia, e um sub-ramo da axiologia(1),que estuda a natureza do que consideramos adequado e moralmente correto. Pode-se afirmar também que Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana.

Há uma enorme confusão entre os conceitos de moral e de ética, moral e ética são planos que andam sempre interligados, diferença-los não uma das tarefas mais complexas, de forma simplificada, podemos afirmar que a moral é um conceito pessoal, íntimo a cada pessoa (cada um de nós tem seu próprio conceito de certo ou errado, um conceito individual de moral), a ética seria o que toda a sociedade vê como certo ou errado (uma espécie de moral coletiva). Relembrando os ensinamentos de Hans Kelsen (1881-1973), a moral é interior e alternativa, a ética é externa e normativa.

Uma coisa que me preocupa bastante é o uso indiscriminado da ética em discursos políticos, discursos estes que procuram costurar argumentos sofísticos que, com pequenas reflexões podem os argumentos dos discursos serem “desmontados” num piscar de olhos.

A ética é um conceito muito importante, principalmente quando falamos de política, afinal, muito tempo atrás Confúcio [ou Kung-Fu-Tzu] (551 a.C. – 479 a.C.) afirmava que a política seria “um prolongamento da ética”, para a maioria de nós, esta afirmação do filósofo chinês é no mínimo impensável, ridícula ou até mesmo soar como uma piada sem graça.

Todos os candidatos que almejam a um mandato nestas eleições procuram ‘autocunhar’ um perfil de portadores da ética com discursos manjadamente demagógicos, sempre que alguém fala sobre campanha política também escutamos o velho discurso de que “estamos cansados das velhas promessas”. Na verdade, acredito que o problema central não são os candidatos e sim nos eleitores.

Na procura pelos “candidatos adequados”, a maioria de nós sempre procura os candidato que nos dará uma série maior de vantagens ou que valoriza mais o “nosso passe”, como se eleição fosse um jogo de “caça ao tesouro” ou uma bandeja que restaurante “self-service”, a eleição era para ser algo maior que isso, as eleições deveria ser como disse de forma muito correta o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Velloso, “a festa maior da democracia” e acaba transformando-se na festa maior do triunfo da ignorância e do clientelismo sobre a racionalidade e a ética.

Devemos pensar muito bem o que é ética, em especial a ética na política, principalmente antes de votar.



(*) Luiz Elias é estudante de direito. E-mail luizelias_recht@yahoo.com.br

(1)Parte da filosofia que estuda os valores (Wert) e os juízos valorativos, em especial os de conteúdo moral.