Vai começar o espetáculo
Há umas semanas atrás, estive freqüentando a Câmara Municipal da minha cidade acompanhando um projeto de lei que propus a um vereador, que não vem ao caso. Pois bem, sentava sempre em uma das três primeiras filas, braços cruzados, esperando pacientemente a sessão das 16h começar às 16:30. Aos poucos iam chegando pessoas, sentando, conversando, esperando. Quando entra algum vereador, acena com a mão para a platéia sem olhar a quem, senta e também espera. Os vereadores vão entrando, conversando, até que chega o presidente, senta e em nome de Deus inicia mais uma reunião da casa Osório de Aquino, e pede para o excelentíssimo senhor primeiro secretário ler a ata da última reunião, e todos os outros vereadores atentamente se viram e conversam com quem esteja próximo. A ata sempre é aprovada sem ressalvas. Passa-se então para as proposições, lêem-se os projetos, os requerimentos, que também são sempre aprovados sem ressalvas.
Um certo dia fui assistir a votação do projeto que sugeri, e coincidentemente era o mesmo dia da aprovação das contas da gestão passada. Casa lotada, imprensa, seguranças dentro e fora do prédio a paisana, com rádios e armas, polícia militar na porta, e o calor ao quadrado. Então que começa, em nome de Deus, a sessão. Bastava algum dos vereadores falar algo que a torcida organizada do seu partido bradava, batia palmas, jogava confetes e serpentinas, entrava em êxtase, quase no nirvana, sobre as vaias da outra torcida. Em meio de todas formas possíveis, imagináveis e não imagináveis de adiar e não adiar a reunião, enfim começou a votação. Com o seu fim, gritos, delírios, orgasmos e o calor ao cubo recheavam a pequena sala de reuniões.
Foram embora alguns dos populares, e eu com o rosto encharcado de suor, estava contente com a proximidade da votação do projeto. Foi quando uma rapaziada começou a gritar algo próximo dos vereadores, então um excelentíssimo vereador saiu do seu lugar a passos ferozes e com um soco quase derrubou um dos populares que remanesceram da votação, seus colegas o seguraram, a polícia entrou, os seguranças também, a imprensa também, e o calor estava quase insuportável quando o presidente encerra a sessão. A votação do meu projeto foi adiada pra quase duas semanas depois, porque a próxima terça era muito próxima da sexta-feira da semana santa.
Infelizmente não fui mais a casa Osório de Aquino, que tantas gargalhadas me rendeu. Numa cidade pequena como a minha, onde as opções de lazer e divertimento são escassas, a Câmara Municipal se mostrou uma grande alternativa às tardes ociosas assistindo à TV Senado.
(*)Manoel César de Alencar Neto será estudante de Direito da Universidade Estadual da Paraíba. netoalencar@yahoo.com.br
3 Comments:
Esse relato a gente acaba rindo da falta de seriedade e verdadeiro compromisso desses q se dizem nossos representantes, mas devemos é nos envergonhar dessa situação porque somos nós q os escolhemos.
É isso aí.
É nessas ocasiões que o meu pai diz: "O povo tem os governantes que merece".
O pior é que essa é a mais pura verdade!
Infelizmente nunca irá surgir um politico verdadeiramente correto, por que o que existe são partidos de direita e esquerda que ao invez de lutarem por uma unica causa, o bem da população, criam ao redor deles mesmos uma disputa simplismente pra mostrar qual partido é mais forte.
Não dão a minima ao que esta sendo votado ou não, se fará bem a população ou não, apenas votam sim se for do algo proposto pelo propio partido ou não se foi proposto pelo adversario...
Isso é uma vergonha, uma tristeza, porque todos sabemos que nunca chegara ao fim!
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