:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sexta-feira, maio 05, 2006

Populismo anacrônico



(*) Luiz Elias Miranda

Esta semana, acredito que a notícia de maior repercussão na imprensa nacional e sul-americana em geral foi sobre o decreto de nacionalização do gás natural boliviano expedido pelo presidente daquele país.
Todos estão cansados de saber que o maior prejudicado com esta decisão unilateral é o Brasil, em especial a Petrobrás que é ao mesmo tempo prejudicada e maior investidora na Bolívia, um país que está a beirar a miséria, onde 70% de sua população está na linha de pobreza .
Não venho aqui mostrar repulsa à decisão de Evo Morales, aliás, acredito que é um ato totalmente legítimo a nacionalização dos recursos naturais bolivianos (provavelmente a única riqueza que este país possui). Entretanto, não acho que seja com esta decisão unilateral, desprovida de nogociações que a Bolívia deixará o atual quadro de miséria e irá galgar posições melhores dentro do continente; ao contrário, isso irá amedrontar futuros investidores e expulsar o atuais que confiaram na Bolívia para investir. Sinceramente, você investiria num país onde não há seguraça jurídica, onde a qualquer momento você poderá ser expropriado?
Este foi mais um ato da chamada ‘nova esquerda populista latinoamericana’, esta nova esquerda tenta ressucitar o populismo que muitos acreditavam estar morto e enterrado com a década de 1960 (período que encerra o ciclo populista na América Latina com o início dos governos militares).
A característica básica do populismo é o contato direto entre as massas urbanas e o líder carismático (caudilho), supostamente sem a intermediação de partidos ou corporações. A idéia geral é a de que o líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e não racional) com o "povo" para ser eleito e governar. Isto implica num sistema de políticas, ou métodos utilizados para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo além da classe média urbana, entre outros, procurando a simpatia daqueles desarraigados para angariar votos e prestígio - resumindo, legitimidade - para si. Isto pode ser considerado um mecanismo mais representativo desta forma de governo.
Ou seja, o populismo é uma forma a mais de manipulação das massas por parte dos governantes.
O motivo principal da nacionalização que Morales tenta esconder de todos, mas facilmente perceptível é a proximidade das eleições parlamentares bolivianas (marcadas para julho), os bolivianos nesta eleição escolherão representates que votarão a nova constituição da Bolívia, com estas medidas populistas Morales tenta ganhar mais força para estas eleições e implementar um programa de reformas no Estado boliviano bem à moda dos populistas latinoamericanos atuais que tentam resolver os problemas de seus países com blefes e medidas unilaterais (leia-se Hugo Chávez, Lula e Néstor Kirchner). Ao invés de medidas populistas que cheiram a mofo, em vez de irem ao passado para buscar exemplos não tão bons, os presidentes da América Latina deviam esmerar-se em bons exemplos do presente como o Chile, que caminha firmemente para tornar-se a maior economia da América Latina e andando longe de blefes e decisões unilaterais.
(*) Luiz Elias é estudante de direito.