Populismo anacrônico
(*) Luiz Elias Miranda
Esta semana, acredito que a notícia de maior repercussão na imprensa nacional e sul-americana em geral foi sobre o decreto de nacionalização do gás natural boliviano expedido pelo presidente daquele país.
Todos estão cansados de saber que o maior prejudicado com esta decisão unilateral é o Brasil, em especial a Petrobrás que é ao mesmo tempo prejudicada e maior investidora na Bolívia, um país que está a beirar a miséria, onde 70% de sua população está na linha de pobreza .
Não venho aqui mostrar repulsa à decisão de Evo Morales, aliás, acredito que é um ato totalmente legítimo a nacionalização dos recursos naturais bolivianos (provavelmente a única riqueza que este país possui). Entretanto, não acho que seja com esta decisão unilateral, desprovida de nogociações que a Bolívia deixará o atual quadro de miséria e irá galgar posições melhores dentro do continente; ao contrário, isso irá amedrontar futuros investidores e expulsar o atuais que confiaram na Bolívia para investir. Sinceramente, você investiria num país onde não há seguraça jurídica, onde a qualquer momento você poderá ser expropriado?
Este foi mais um ato da chamada ‘nova esquerda populista latinoamericana’, esta nova esquerda tenta ressucitar o populismo que muitos acreditavam estar morto e enterrado com a década de 1960 (período que encerra o ciclo populista na América Latina com o início dos governos militares).
A característica básica do populismo é o contato direto entre as massas urbanas e o líder carismático (caudilho), supostamente sem a intermediação de partidos ou corporações. A idéia geral é a de que o líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e não racional) com o "povo" para ser eleito e governar. Isto implica num sistema de políticas, ou métodos utilizados para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo além da classe média urbana, entre outros, procurando a simpatia daqueles desarraigados para angariar votos e prestígio - resumindo, legitimidade - para si. Isto pode ser considerado um mecanismo mais representativo desta forma de governo.
Ou seja, o populismo é uma forma a mais de manipulação das massas por parte dos governantes.
O motivo principal da nacionalização que Morales tenta esconder de todos, mas facilmente perceptível é a proximidade das eleições parlamentares bolivianas (marcadas para julho), os bolivianos nesta eleição escolherão representates que votarão a nova constituição da Bolívia, com estas medidas populistas Morales tenta ganhar mais força para estas eleições e implementar um programa de reformas no Estado boliviano bem à moda dos populistas latinoamericanos atuais que tentam resolver os problemas de seus países com blefes e medidas unilaterais (leia-se Hugo Chávez, Lula e Néstor Kirchner). Ao invés de medidas populistas que cheiram a mofo, em vez de irem ao passado para buscar exemplos não tão bons, os presidentes da América Latina deviam esmerar-se em bons exemplos do presente como o Chile, que caminha firmemente para tornar-se a maior economia da América Latina e andando longe de blefes e decisões unilaterais.
(*) Luiz Elias é estudante de direito.
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