Lula não decidiu. Ele se rendeu
(*) Rui Nogueira
Num caso em que todos os envolvidos eram praticamente réus confessos, o governo Lula cometeu a proeza de levar 11 dias para tomar uma decisão político-administrativa sobre a explícita violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Levou mais tempo para fazer o óbvio do que Deus para criar uma obra da complexidade do mundo e ainda plantar o bicho homem nele. A rigor, e aqui reside a tragédia deste governo, o presidente não tomou decisão nenhuma neste caso, como não tomou em nenhum outro.
Em todos os casos, Luiz Inácio Lula da Silva afrontou a realidade quanto pôde e só entregou os pontos quando essa era a única saída. E entregar os pontos não quer dizer que admitiu os erros, apenas significa que se rendeu. No PT e no governo, a maioria tem a convicção de que os fins justificam os meios, o que ajuda a entender a violação do sigilo bancário para calar um caseiro. Lula já se desfez de uma dezena de auxiliares, entre ministros, assessores e dirigentes da cúpula do PT, mas suas palavras mais simbólicas sobre o mensalão e os mensaleiros foram duas: 1) foi “traído”; 2) os companheiros cometeram apenas “deslizes”.
Escória e cinismo jornalísticoNinguém foi tão longe, mas ainda há quem ache que o PT e o governo Lula fazem o mesmo que todos os governos. Só que os outros teriam sido mais espertos para esconder o malfeito. A militância jornalística em prol desse cinismo é o tributo que a sociedade paga ao esforço do PT para chegar à única “saída honrosa” traçada pela cúpula do partido e do governo: convencer o eleitor de que são todos iguais e de que lhe cabe escolher apenas entre os menos piores. Em matéria de respeito ao Estado de Direito, o governo Lula é escória, e até do governo Fernando Collor (1990-1992) ele se diferencia. Para pior!
O ministro da Fazenda e o presidente da Caixa caíram por obra e graça das próprias lambanças, mas a minha bola de cristal garante que Lula ainda virá a público dizer que está sendo vítima de uma “campanha rasteira” da oposição. Em três anos e três meses de governo, tudo que embaraçou Lula resultou de um trabalho genuíno de aliados incondicionais. E fica a pergunta: quem acredita agora que Antonio Palocci não esteve na “República de Ribeirão Preto”, a casa do lobby, em Brasília, como diz o caseiro com total segurança?
E resta o paroxismo exposto na carta que o ex-ministro entregou ao presidente: diz Palocci que não participou de nenhuma operação para violar o sigilo do caseiro, que não usou ou mandou usar o produto da violação. Se isso é verdade, então Palocci foi omisso até não mais poder. Do alto do poder político e administrativo que lhe foi dado, por que não demitiu logo quem violou e usou os extratos, uma vez que as duas operações o atingiam diretamente? Mas vejam só como são as coisas: Palocci, em momento algum, desmente a informação dada por Jorge Mattoso à Polícia Federal, a de que ele foi levar à casa do ministro os extratos, que os recebeu em mãos.
Era só o que faltava!O governo ficou na moita até onde pôde porque, mais uma vez, a única solução para a mentira era outra mentira. Aquela Lei de Lula, enunciada pelo próprio Lula em 17 de julho de 2005, em entrevista a uma repórter freelancer, em Paris: “A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou”. Tentaram evitar a mentira direta, criando uma seqüência de dissimulações patéticas sobre um trabalho supostamente difícil de busca aos violadores do sigilo do caseiro. Nunca foi importante saber quem fez o trabalho técnico de emitir os extratos. O importante sempre foi saber quem decidiu que esse seria o caminho para calar Francenildo. Palocci acreditou nessa solução. Mattoso viabilizou-a. Acreditar que Palocci não teve nada a ver com o caso é tomar o ministro como vítima de uma situação que ele não escolheu. Só faltava essa!
O caso Palocci-Francenildo só teve um desfecho nesta segunda-feira porque no fim de semana, depois da pantomima montada pela Caixa, apareceu a cadeia de comando da violação, toda ela permeada de um grupo de militantes petistas que foram plantados na Caixa Econômica Federal (CEF) no rastro da indicação de Jorge Mattoso para a presidência do banco público. Plantados, esse é o termo.
A indicação de Mattoso coube ao feudo político Marta Suplicy-Luis Favre. E atrás dele veio uma procissão de premiados sindicalistas e penduras afins. Imaginem só a que ponto chegamos em matéria de aparelhamento político e em quadros altamente técnicos do banco estatal: o gerente de Segurança Tecnológica da CEF é Delfino Natal de Souza, indicado para o posto pelo ex-presidente do PT José Genoino; a vice-presidente de Tecnologia é Clarice Coppetti, “afilhada” do ex-ministro José Dirceu. Qual é o interesse desses senhores nesses cargos? E onde foram parar os maridos das gerentes plantadas na CEF? No Planalto.
Não há nada que não faça sentido!
Num caso em que todos os envolvidos eram praticamente réus confessos, o governo Lula cometeu a proeza de levar 11 dias para tomar uma decisão político-administrativa sobre a explícita violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Levou mais tempo para fazer o óbvio do que Deus para criar uma obra da complexidade do mundo e ainda plantar o bicho homem nele. A rigor, e aqui reside a tragédia deste governo, o presidente não tomou decisão nenhuma neste caso, como não tomou em nenhum outro.
Em todos os casos, Luiz Inácio Lula da Silva afrontou a realidade quanto pôde e só entregou os pontos quando essa era a única saída. E entregar os pontos não quer dizer que admitiu os erros, apenas significa que se rendeu. No PT e no governo, a maioria tem a convicção de que os fins justificam os meios, o que ajuda a entender a violação do sigilo bancário para calar um caseiro. Lula já se desfez de uma dezena de auxiliares, entre ministros, assessores e dirigentes da cúpula do PT, mas suas palavras mais simbólicas sobre o mensalão e os mensaleiros foram duas: 1) foi “traído”; 2) os companheiros cometeram apenas “deslizes”.
Escória e cinismo jornalísticoNinguém foi tão longe, mas ainda há quem ache que o PT e o governo Lula fazem o mesmo que todos os governos. Só que os outros teriam sido mais espertos para esconder o malfeito. A militância jornalística em prol desse cinismo é o tributo que a sociedade paga ao esforço do PT para chegar à única “saída honrosa” traçada pela cúpula do partido e do governo: convencer o eleitor de que são todos iguais e de que lhe cabe escolher apenas entre os menos piores. Em matéria de respeito ao Estado de Direito, o governo Lula é escória, e até do governo Fernando Collor (1990-1992) ele se diferencia. Para pior!
O ministro da Fazenda e o presidente da Caixa caíram por obra e graça das próprias lambanças, mas a minha bola de cristal garante que Lula ainda virá a público dizer que está sendo vítima de uma “campanha rasteira” da oposição. Em três anos e três meses de governo, tudo que embaraçou Lula resultou de um trabalho genuíno de aliados incondicionais. E fica a pergunta: quem acredita agora que Antonio Palocci não esteve na “República de Ribeirão Preto”, a casa do lobby, em Brasília, como diz o caseiro com total segurança?
E resta o paroxismo exposto na carta que o ex-ministro entregou ao presidente: diz Palocci que não participou de nenhuma operação para violar o sigilo do caseiro, que não usou ou mandou usar o produto da violação. Se isso é verdade, então Palocci foi omisso até não mais poder. Do alto do poder político e administrativo que lhe foi dado, por que não demitiu logo quem violou e usou os extratos, uma vez que as duas operações o atingiam diretamente? Mas vejam só como são as coisas: Palocci, em momento algum, desmente a informação dada por Jorge Mattoso à Polícia Federal, a de que ele foi levar à casa do ministro os extratos, que os recebeu em mãos.
Era só o que faltava!O governo ficou na moita até onde pôde porque, mais uma vez, a única solução para a mentira era outra mentira. Aquela Lei de Lula, enunciada pelo próprio Lula em 17 de julho de 2005, em entrevista a uma repórter freelancer, em Paris: “A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou”. Tentaram evitar a mentira direta, criando uma seqüência de dissimulações patéticas sobre um trabalho supostamente difícil de busca aos violadores do sigilo do caseiro. Nunca foi importante saber quem fez o trabalho técnico de emitir os extratos. O importante sempre foi saber quem decidiu que esse seria o caminho para calar Francenildo. Palocci acreditou nessa solução. Mattoso viabilizou-a. Acreditar que Palocci não teve nada a ver com o caso é tomar o ministro como vítima de uma situação que ele não escolheu. Só faltava essa!
O caso Palocci-Francenildo só teve um desfecho nesta segunda-feira porque no fim de semana, depois da pantomima montada pela Caixa, apareceu a cadeia de comando da violação, toda ela permeada de um grupo de militantes petistas que foram plantados na Caixa Econômica Federal (CEF) no rastro da indicação de Jorge Mattoso para a presidência do banco público. Plantados, esse é o termo.
A indicação de Mattoso coube ao feudo político Marta Suplicy-Luis Favre. E atrás dele veio uma procissão de premiados sindicalistas e penduras afins. Imaginem só a que ponto chegamos em matéria de aparelhamento político e em quadros altamente técnicos do banco estatal: o gerente de Segurança Tecnológica da CEF é Delfino Natal de Souza, indicado para o posto pelo ex-presidente do PT José Genoino; a vice-presidente de Tecnologia é Clarice Coppetti, “afilhada” do ex-ministro José Dirceu. Qual é o interesse desses senhores nesses cargos? E onde foram parar os maridos das gerentes plantadas na CEF? No Planalto.
Não há nada que não faça sentido!
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