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Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quinta-feira, setembro 01, 2005

Ideologias de uma sociedade burguesa do terceiro mundo



(*) Luiz Elias Miranda


Tanto eu como o Henrique já falamos aqui sobre a famigerada da ideologia, só para relembrar, o conceito foi criado pelo enciclopedista francês do século XVIII Destutt de Tracy e mais tarde revisado por Karl Marx; o Papai Noel proletário afirmava que as ideologias eram falsas consciências, falseamentos da realidade gerados por uma classe dominante para alienar uma classe dominada e esta não percebesse sua real situação[1].
Mas, a dúvida que tem me assolado ultimamente é a seguinte: como uma determinada classe dominante instrumentaliza uma ideologia para que ela sirva a seus propósitos? Relativamente simples, mas na realidade é bem complicado, serei o mais simples possível. Marx esclarece muito sobre a dominação das classes dominantes e sobre a alienação das classes exploradas[2]; há uma classe dominante, ela precisa de algum instrumento que lhe ajude a manter seu domínio e que auxilie fazer as pessoas exploradas e dominadas nesta situação de alienação, para isto vale-se de expedientes intelectuais que consigam manter as classes exploradas “bitoladas”, como fábricas de ideologias as classes dominantes possuem imensas fileiras de intelectuais de plena disposição a fabricá-las aos milhares.
A burguesia de um país de ‘terceiro mundo’ como a nossa possui alguma ideologia ou algo similar? Claro, como toda classe dominante que se preze ela possui uma ideologia ‘engatilhada’. Como seria esta ideologia então, fazendo uso das palavras de um (dentre muitas outras especialidades) sociólogo conterrâneo meu, a ideologia de nossa classe dominante é morar em mansões e apartamentos a beira-mar e desfilar em carros de preferência importados[3]. Quanto mais desenvolvido é o país em análise, mais inconfessável é a ideologia das classes dominantes.
Outras vezes afirmei a existência da chamada “indústria cultural” e da ideologia da sociedade industrial (ou capitalista). Estes são mais dois instrumentos que vem somar-se a ideologia das classes dominantes, Theodor W. Adorno foi o primeiro a alertar sobre indústria cultural como forma de alienação essa transformação da cultura em produto do mercado, ele afirmou que “através da ideologia da indústria cultural, o conformismo substitui a consciência, jamais a ordem por ela transmitida é confrontada com o que ela pretende ser ou com os reais interesses do homem[4]”. Sobre a ideologia da sociedade capitalista (ou industrial) ela cria (juntamente com a tecnocracia) um universo totalitário em que sociedade e natureza estão em constante estado de inércia para que este ambiente totalitário seja conservado, provocando assim uma estrutura de imobilidade social e um habitat de paralisia racional e contestativa[5].
A forma mais eficiente da propagação de suas idéias elitistas de dominação é a educação. Não há forma mais eficiente de alienar um ser humano que começar esta dominação desde sua formação mais básica. Uma pessoas comum após vinte anos de ensino infestado desta ideologia não tem nenhuma gana de libertar-se desta dominação que perpetua-se entre nós desde o período colonial e já que nossa sociedade encontra-se totalmente imobilizada pelas ideologias e pelo efeito da mortal da combinação indústria cultural mais ideologia capitalista sem um único movimento contestativo que não esteja por elas contaminado ou pelos velhos interesses pessoais escusos e nunca revelados...


(*) Luiz Elias é estudante de direito. E-mail: luizelias_recht@yahoo.com.br


[1] Neste sentido, cf. MARX, Karl. A ideologia alemã (Die deutsche Ideologie).
[2] Uma advertência, em alguns pontos as teorias de Marx encontram-se totalmente superados, mas em outros como em seus estudos sobre a exploração intelectual (ideologias) e da força de trabalho (mais-valia) ainda é bastante atual, deve ser lido com bastante cautela.
[3] ALMEIDA, Agassiz. A república das elites.
[4] ADORNO, Theodor. A indústria cultural. Apud ALMEIDA, Agassiz. A república...
[5] Neste sentido, cf. MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É bom saber que muitas pessoas ainda conseguem libertar ao menos suas mentes para esse tipo de conjectura, afinal,com toda a influência negativa vinda dos meios de educação sejam eles, escolas, ou mesmo o prório lar,fica difícil de enchergar tais coisas.A escravidão de uma raça que teria tudo para estar hoje em altos patamares de desenvolvimento social, contudo vive a espera de uma catastrofe natural que possa libertar esses bilhões de almas servas.

sábado nov. 22, 05:05:00 da tarde 2008  

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