:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

terça-feira, janeiro 11, 2005

Segurando as estrelas

(*)Giordana Gomes de Moura

O dia estava um tanto ensolarado, os pássaros cantavam normalmente, as pessoas caminhavam, iam trabalhar, estudar. Alguns ainda dormiam, mas aquela mãe já voltava da academia cedo da manhã, pronta para cuidar da filhinha de três anos de idade, pele clara, cabelos encaracolados, finos, sedosos, olhos escuros, sorriso peralta, mas também muito doce. O homem da casa desde de cedo havia saído a trabalho. Tudo se encaminhava para ser mais um dia comum, tranqüilo, sem mudanças drásticas, mas não foi o que ocorreu.
Um descuido com o cadeado do portão e o garoto, sem ser notado, invade a casa, pronto para fazer algum mal àquela família. Não se sabe bem o que o menino tentou fazer, mas numa tentativa de defesa, a mulher foi brutalmente esfaqueada enquanto a garotinha assistia televisão sem nada perceber. O assassino fugiu. A menininha de repente apareceu no local onde estava sua mãe, gemendo discretamente de dores e tentando telefonar a procura de ajuda, se arrastando por entre o chão ensangüentado. Sem nada entender a menina apenas dizia: “mamãe, tá dodói!”
A ambulância chegou, levou a ferida, sua filha ficou na cada da avó, sem nada entender. Dessa ida a UTI a jovem mãe não mais retornou ao mundo dos vivos, não resistiu a tamanhos golpes, embora tenha passado por cirurgias sem sucesso anteriormente. Foi doloroso, mas já era a hora de entregar os últimos suspiros a quem estivesse por ali.
O criminoso, mesmo depois de ter sido descoberto, pela sua pouca idade, continua andando pelas ruas como um cidadão comum. O esposo da vítima sente sua falta de forma intensa e inconformada; muitas vezes encontra pela rua o feitor da barbárie. Quanto à criancinha, bem, essa diz que sua mãe está no céu com Jesus, segurando as estrelas e brincando com estas, mas que está com muitas saudades da mamãe e espera pela sua volta, a procurando todas as noites quando a lua se esconde por entre as nuvens escuras do além.

Giordana Gomes de Moura. E-mail: giordanadireito@hotmail.com

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que lindo esse texto Gio! É um texto triste também... mas que fala da realidade do nosso país!
Tou te esperando em JP!
Bjao. Samara Martins.

terça jan. 11, 08:27:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

Oi Gio, belíssimo texto, mas que sempre nos deixa um pouco de tristeza e dúvida se um dia toda essa terrível realidade terá um fim, e as pessoas poderão ao menos ficar em suas casas tranqüilas e ver seus filhos crescer. Eu espero que sim.
xero,
Jacke

terça jan. 11, 10:00:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

Oi Gio!!

Eu lembro desse episódio...muito triste e revoltante, e mostra como o sistema judiciário do pais é falho ao deixar um sujeito altamente perigoso solto nas ruas.

Bjos!!
Ângelo

terça jan. 11, 12:56:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

Ohh Gio..
Você adora nos tocar profundamente com seus textos né?.Mas vc ta certa, a gente precisa lembrar que algo de muito ruim está acontecendo a outra pessoa para que possamos dar mais valor a vida!
grande beijo minha querida!
Luiza Macedo

sexta jan. 14, 11:05:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

Giordana,
Passei pelo blog e fiquei encantado com a maneira delicada como você usa as palavras. Realmente uma visao rara nos dias de hoje!
beijos

quinta jan. 20, 07:47:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

Oi Gior,

Você sempre com seus textos, né? Poxa, é incrível o dom que Deus lhe deu, vc escreve super bem, e vc sabe bem disso, então, agradeça-o todos os dias.
O seu comportamento é que é interessante, sempre com seus velhos amigos:o papel e o lápis.
Parabéns pelo texto,
Beijos,
Luana.

domingo jan. 23, 05:37:00 da tarde 2005  

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