:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sábado, janeiro 01, 2005

Mesquinharia internacional

(*) Luiz Elias Miranda
Domingo, dia vinte e seis de dezembro de dois mil e quatro. Um terremoto no fundo do mar com epicentro na ilha de Sumatra no oceano Índico provoca um gigante tsunami de aproximadamente doze metros que varre a costa dos países banhados pelo oceano Índico num raio de cinco mil quilômetros; esta foi uma das maiores tragédias naturais na história humana que já foram registrados, nunca antes havia visto tragédia natural com tantos estragos e tantas vítimas, o número deve chegar facilmente aos cem mil.
Após a incansável cobertura jornalística da tragédia, começaram a serem veiculados os esforços internacionais para a reconstrução e ajuda à Tailândia (pais mais atingido) e demais nações que sofreram, e ainda estão sofrendo, com o desastre.
Um dos primeiros países a manifestarem-se em solidariedade acerca da tragédia foi o Vaticano (por coincidência, a única religião que tem status de pessoa jurídica de direito internacional), João Paulo II conclamou os países a serem bastante generosos diante de tamanha calamidade. Logo após o pronunciamento em Rocca di Papa, o corpo de comunicação do Vaticano declarou que estaria enviando nos próximos dias dezesseis milhões de dólares, é uma quantia que não é grande, mas para um país do tamanho do Vaticano (0,44 m2) que não arrecada nada com imposto de renda e vive de rendimentos, doações de particulares e repasses do governo italiano é bastante considerável. Uma atitude que serviu para ver que apesar dos erros, a Igreja Católica também tem muitas ações que são acertadas.
Após esta ação do Vaticano, o que foi visto foi um verdadeiro show de “pão durismo” da pior espécie. A Casa Branca pronunciou-se com pesar para as vítimas da tragédia (até porque lá havia muitos turistas americanos), e informou que enviaria apenas quinze milhões de dólares, isto é um absurdo!!! Uma economia gigantesca como a americana, com um PIB estimado em cerca de quinze trilhões de dólares só dispor-se a doar essa “merreca” para esta tragédia é uma imoralidade. “George War Bush” apenas pronunciou-se acerca do maremoto na quarta-feira (dia 29 de dezembro). Ele dispõe-se a doar apenas quinze milhões para amenizar o sofrimento de milhões de pessoas, entretanto, para levar destruição e morte para o Iraque, não pensou duas vezes e não hesitou em nenhum momento em promover uma guerra que segundo alguns economistas já consome recursos da ordem de aproximadamente cem bilhões de dólares e bens que não têm valor pecuniário[1] como as vidas perdidas no conflito.
Após este deplorável espetáculo estadunidense, as outras potências começaram a mudar o tom do discurso. É certo que a União Européia só doou quarenta milhões de dólares (muito pouco para tem um PIB de cerca de dez trilhões de dólares); mas a partir da doação da UE, outros países ricos começaram a ter uma reação menos “muquirana”. A Alemanha, por via do pronunciamento do seu premier Gerard Schereder, comprometeu-se em enviar forças médicas, alimentos (já que o maior drama dos sobreviventes neste momento é a fome e falta de água potável) e uma quantia em dinheiro bem mais generosa que os outros países já haviam feito.
Após o pronunciamento do premier alemão, o primeiro-ministro japonês Junishiro Koizumi declarou que o Japão pretende enviar médicos, engenheiros, alimentos, água e cerca de trinta e cinco milhões de dólares, foi este “espasmo altruísta” japonês que despertou a soberba dos outros países ricos e os incentivou a “abrirem mais suas mãos”.
No total, as doações dos países ricos só contabilizam, até o momento, apenas quase quinhentos milhões de dólares. É muito pouco visto alguns especialistas afirmarem que seria preciso para este processo de reconstrução inicialmente cerca de dez bilhões de dólares. Sei que se houvesse interesse, os países mais ricos poderiam contribuir com bem mais dinheiro, mas como uma atividade como esta não é propensa de gerar lucros, não há nenhum interesse da parte dos “donos do pedaço”.
Como bem diz Gilberto Gil na sua música “Nos Barracos da Cidade”:

Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade
Se pode, não faz questão
Se Faz questão, não consegue
Enfrentar o tubarão
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida,
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita
O governador promete
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes
Mas ninguém quer abrir mão
Mesmo uma pequena parte
Já seria solução
Mas a usura desta gente
Já virou um aleijão
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita.
(*) Luiz Elias é acadêmico de direito pela Universidade Estadual da Paraíba e começa 2005 procurando uma mulher linda rica e que lhe ame. e-mail: luizelias.miranda@uol.com.br




[1] Relativo a dinheiro.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grande Ilhias.Mais uma vez, um belo texto.É sempre importante esclarecer o quanto s~]ao mesquinhos os grandes donos do mundo , que na hora de lucrarem a custa dos mais pobres não medem esforços em investimentos bélicos, mas na hora de ajudar a quem realmente precisa recebendo em troca apenas o prazer e a satisfação de ajudar, faz-se de contra gosto.Um senador americano da bancada democrata disse que 15 milhões de dólares é o que os soldados americanos no Iraque consomem mesnalmente antes de tomar o café da manhã(despesas com água, escova e pasta de dente).Portanto, os EUA só investem com retorno garantido.Parabéns Elias por mais maravilhoso texto
Valew cara

Henrique

domingo jan. 02, 01:24:00 da tarde 2005  
Anonymous Anónimo said...

Valeu Ilhias, através desse texto você mostra sua indignação com as desigualdades que existem no mundo, principalmente quando o assunto é ajudar e amparar o semelhante.
Xero, Paoôola!

sexta jan. 07, 10:59:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

Esqueci de dizer que se estiver à procura de uma mulher linda, que o ame e "lisa", pode se considerar um homem de sorte: VOCÊ ACABA DE ENCONTRAR.
Xerinho

Paoôolla.

sexta jan. 07, 11:07:00 da manhã 2005  
Anonymous Anónimo said...

É de dar vergonha esse tipo de reação de países como EUA a um fato drástico como esse, mas não é de se surpreender, haja vista barbaridades anteriores que só nops servem de confirmação das anomalias cerebrais destes facínoras.
Pena que nossa cultura capitalista criou o doentio habito de "ter" cada vez mais, esquecendo do "ser", do fazer-se ser humano digno. A generosidade dentro desse cenário é combatida cada vez mais...
Muito bom seu texto Elias!!!!!!!!!!!até mais!:***************Gio

segunda jan. 10, 11:01:00 da manhã 2005  

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