:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

sábado, julho 22, 2006

A escola ideal

(*) Raysa Albuquerque

Ao ler os textos dos autores Manoel Neto (Perdemos um Gênio por Dia, outubro de 2004) e Diorindo Lopes Júnior (De Utopias e Vontades Políticas, outubro de 2004), chamaram-me bastante atenção pelos pensamentos desenvolvidos, como também idéias propostas, por isso venho resgatar este tema me voltando para o modelo de escola ideal.

Quando pensamos numa escola ideal, nos vem a mente um modelo básico:salas de aula com carteiras organizadas em fileiras, um ambiente de lazer para o intervalo e uma professora, a “tia”.Mas, seria apenas estes itens que compõem o modelo de escola ideal, seja esta de Ensino Fundamental ou Médio? Já foi deixado bem claro nos textos já citados que não!

Lev S. Vygostky (1896-1934), professor e pesquisador, destacou o papel essencial do ensino da escola para promover o desenvolvimento e a construção do ser psicológico, cultural e social do indivíduo. Isto mostra que a preocupação como também importância da escola não é de hoje. Vygotsky acreditava num ensino para construção do indivíduo na integração social, ou seja, que o aprendizado acontecia em grupo e não individualmente, num ensino mecânico e Behaviorista onde o aluno nada sabe, assim, o professor é o detentor de todo o conhecimento considerando seu aluno como “tábua rasa”.

Arrisco afirmar que o modelo mecânico e Behaviorista¹ é o que tem sido adotado nas escolas de todo o Brasil. Estas têm como intuito fazer com que seus alunos, que ao chegarem, ao Ensino Médio, se submetam ao exame do vestibular obtendo bom êxito. Algumas instituições de ensino a fim de fugirem deste modelo implantam outro chamado construtivista desenvolvido por Piaget², embora muitas vezes implantam de forma incorreta ou tenham apenas o título de construtivista sem implantá-lo.

A escola precisa de uma reforma no projeto político pedagógico, sim! Mas não sejamos utópicos, mas realistas. Não se torna necessário uma grande transformação. Atitudes simples podem melhorar o desenvolvimento do aluno. Como exemplos:

- Organizar a sala de aula em círculo, assim o professor e os alunos poderão se vêem mostrando igualdade entre eles, não desmerecendo o professor, pois ele tem papel fundamental na educação do aluno, mas sim, para estimular a participação do aluno.

- Promover debates de assuntos da própria aula que o professor trará para a sua explanação. Por exemplo, o professor de geografia vai expor sobre desertificação, então dias antes de sua aula iria propor aos seus alunos que pesquisem sobre o assunto;

- Realizar trabalhos em grupo. Estes promoverão o desenvolvimento cognitivo do aluno. Isto fará com que os estudantes debatam entre si o tema a ser abordado no trabalho e juntos estarão trocando conhecimento que cada um trás.

Gestos simples como os citados podem desenvolver o aluno psiquicamente, culturalmente e socialmente como também promover o bem-estar, sem minorizá-lo e tratá-lo como “tábua rasa”.


¹Behaviorismo, uma teoria da psicologia que tem o seu estudo direcionado ao comportamento. Podem-se destacar os nomes: Watson, Pavlov e Skinner, psicólogos e pesquisadores. Os Behavioristas acreditam que através da aprendizagem pode-se mudar o comportamento. Skinner, por exemplo, acreditava na “modelagem” do aluno pela educação.


²Piaget (1896-1980), psicólogo definiu sua teoria construtivista onde o conhecimento é construído ativamente pelo indivíduo, é uma conseqüência de suas interações com o mundo e de suas reflexões sobre experiências de tudo aquilo que pode abstrair delas.

(*) Raysa Albuquerque Ferreira é estudande de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Importante tema a ser debatido Raysa, congratulo-a por seres uma discente tão abnegada e tão preocupada com questões de fundamental importância.De muito tempo a temática pedagógica me fascina, pois muitas vezes tive que participar de um processo de aprendizagem "apesar" do professor.Observando tais casos notei que muitas vezes ficamos prejudicados pela barreira criada entre professores e alunos, numa tentativa ditatorial de controle.Técnicas como as descritas por você em muito colaborariam com essa união que com tão sede esperamos, mas que no seca a garganta de tanto demorar.Como complemento, recomendo o excelente livro de Rubem Alves e Gilberto Dimenstein, FOMOS MAUS ALUNOS, em que os autores relatam suas vidas acadêmicas e apontam as deficiências do nosso ensino numa conversa leve e descontraído, gostosa de ler.Mais uma vez, obrigado por escrever para o blog e esperamos que o fato vire rotina.Seria um prazer

Abraços

Henrique

domingo jul. 23, 10:28:00 da tarde 2006  
Anonymous Anónimo said...

em pouco tempo de estudos na universidade foi possível a aluna Raysa, minha filha linda compreender as facetas da educação, no entanto nada melhor que o outro lado da moeda para entender sobre educação. Eu estou falando sobre ser educador e não somente aluno, pois estar a frente de uma turma de ansiosos adolescentes implica também vacilos e desconcertos, mas seu texto é válido para revermos conceitos e reavaliarmos posturas. Parabéns!

quarta jul. 26, 10:52:00 da manhã 2006  
Blogger Luiz Elias said...

Raysa, antes de tudo tenho que parabenizá-la pelo ótimo texto, muito bom ter 'caras novas' em nosso blog.
Logo que vi o título do texto o mesmo chamou muito minha atenção tanto por ser um tema bastante interessante e, sendo filho de uma pedagoga, fiquei tentado a deixar um comentário.
Realmente, o ponto mais crítico que podemos falar no tocante à educação em nosso país é o uso do ensino como meio de opressão como já frisava Paulo Freire.
Professores e alunos devem desenvolver uma relação (sei que o termo é imprório, mas foi o único que me veio à mente neste exato momento) de 'mutualismo' já que um necessita do outro no dia-a-dia da sala de aula: o professor necessita do aluno para aperfeiçoar-se no mister de ensinar e o aluno necessita do professor para adquirir os conhecimentos necessários.
O professor não pode ser absoluto na sala, até porquê não existe pessoa que sempre esteja certa, na maioria das vezes, o aluno é muito importante até para despertar no professor um ponto de vista, uma interpretação que não exposta pelo professor.
Minha mãe sempre frisou que o construtivismo às vezes pode ser uma verdadeira praga na prática do ensino pelo fato exposto por você: muitas vezes o plano político-pedagógico é dito 'construtivista' e não acaba sendo nada.
O Behaiviorismo, por sua vez é um método maléfico em si, principalmente no âmbito das ciências sociais, um exemplo [ficto] disto pode ser visto no livro do Antony Burgress "Laranja Mecânica" onde o jovem Alex, uma pessoa violenta tem sua natureza totalmente modificada por um processo behaivioriste, perdendo o senso crítico e o livre arbítrio.

parabéns, espero vê-la mais vezes escrevendo aqui em nosso blog.

quarta jul. 26, 08:03:00 da tarde 2006  
Blogger Manoel Alencar said...

Raysa, primeiramente gostaria de te parabenizar pelo ótimo texto, realmente o sistema educacional do Brasil necessita urgentemnete de uma mudança, a cada dia o sistema atual se mostra ultrapassado e cruel com todos, com os professores e alunos, eu tinha um professor de biologia que dava mais ou menos 70 aulas por semana, com, no colégio, uma média de 60 alunos, e no cursinho, média de 100 alunos; ou seja, a integração entre esse professor e os alunos é quase impossível, consequentemente, um aproveitamento entre os mesmo que seria vital para o aprendizado e sociabilidade dos alunos também é perdida. Acho que primeiramente deveria-se colocar um limite de aulas por semana, assim como de alunos por sala, além de todas as mudanças já citadas por voce no texto, e, lógico, aumentar o salário dos professores.
Pois bem, essa discussão se mostra necessária para o Brasil de hoje, e o momento também é oportuno, visto o aumento das universidades no país, e a educação é o instrumento mais importante para o desenvolvimento do país.

domingo jul. 30, 06:13:00 da tarde 2006  

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