:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Moeda de troca

(*) Luiz Malavolta
Você já parou para pensar como ouvimos todos os dias um volume imenso de mentiras? É o entregador de jornal, que chega atrasado com a edição do dia e explica-se dizendo que a gráfica demorou a entregar os exemplares; é o dono da padaria, que aumenta os preços e justifica dizendo que o trigo subiu no mercado internacional, apesar de você estar careca de saber que o dólar – coitada da moeda americana – nunca esteve tão frágil frente ao poderoso real; é o vendedor da loja que tenta nos enfiar goela abaixo um produto, inventando mil-maravilhas, mas que a gente depois descobre que é tecnologia ultrapassada e que pagamos mais por menos; é o gerente do banco, que, para renovar o cheque especial justifica dizendo que vai lhe garantir uma conta tri-especial, que você vai pagar menos juros e nunca mais enfrentará filas, desde que concorde em comprar um seguro qualquer, um investimento aqui, uma aplicação ali etc. e tal. O setor financeiro, bancos à frente, é justamente o que mais vende ilusões e nos entrega pesadelos no final da história. Quando eu ainda era inocente, acreditava que a felicidade residia em coloridos cartões de crédito e em vistosos cheques especiais. O gerente do banco me tratava como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, para conquistar meu rico dinheirinho. Depois que havia sido fisgado, começava o pesadelo. No extrato bancário vinham tarifas e mais tarifas. Passava o mês transferindo minha renda para o banqueiro. Pareço estar exagerando, mas pagava tarifa até para entrar na agência. E os juros do cheque especial? Esses, então, esfolam qualquer incauto que necessitar de um socorro de emergência no meio do mês. O “empréstimo” de 100 reais, por 15 dias, multiplica-se de valor. Como deixei de ser tolo faz muito tempo, abdiquei faz décadas de contas de nomes pomposos, com limites de crédito estratosféricos, e de cartões de crédito que prometem o paraíso, mas nos abrem as portas do inferno. Ultimamente, os bancos inventaram – certamente com a autorização do Banco Central, que deveria estar aí para defender o cidadão e não o banqueiro – uma taxa punitiva para quem gasta mais do que tem na conta.Um velho amigo – desses que andam com uma calculadora no bolso o mês inteiro e monitoram centavo a centavo que gastam – cruzou comigo cheio de ódio (não comigo, mas com o banco em que tem conta). Disse que gastou até o último centavo que possuía na conta-salário para saldar os compromissos do mês. Mas recebera uma correspondência do banco informando que a CPMF (essa excrescência que foi criada na década de 90 para ser provisória e ficou definitiva) de trinta centavos de real cobrada em sua conta fez exceder o limite e que, portanto, estava sendo cobrado em quase 20 reais – uma espécie de multa por não ser controlado em suas movimentações. Ou seja, o “estouro” de trinta centavos na conta por causa da CPMF, que o banco teve de cobrir, transformou-se numa dívida de 20 reais automaticamente. Mais de dezenove reais, tirando os trinta centavos, foram para o bolso do banqueiro.Esse mesmo cliente mostrou-me um pacote de documentos de relacionamento com o banco, que mostrava uma outra situação. Quando foi abrir a conta para receber salário da escola em que trabalha, a gerente lhe disse que, entre outras coisas, para garantir “o bom relacionamento” entre as partes, ele teria de “comprar” alguns “produtos” da instituição. Isso é ilegal, mas o Banco Central faz de conta que não acontece. Ele comprou, então, os famigerados títulos de capitalização.Foram 12 meses de aplicação em título de capitalização. Por mês, cem reais. No dia primeiro de cada mês, cem reais saiam de sua conta para adquirir um título de capitalização.No mês passado, após três anos, ele começou a receber de volta o dinheiro investido nesse negócio, que é empurrado para os clientes de bancos e que são um grande mico. Depois de 36 meses, ele está reavendo o mesmo valor que aplicou, com correção mínima de três reais em cada cem reais investidos. Esses títulos são vendidos como se fosse o melhor investimento do mundo. Mas sua insignificante remuneração nunca é explicada verdadeiramente ao comprador.Ele paga para que seu dinheiro fique com o banco. Na publicidade que todas as instituições fazem desse “produto” aparecem casas, apartamentos, carros de luxo – que são o chamariz para vender o papel de aplicação. Ou seja, meu caro amigo professor é um dos milhões de clientes de bancos que compram esses micos, ajudando a engordar os recheados cofres dos senhores banqueiros. O resultado a gente conhece toda vez que começam a ser publicados os balanços anuais de todos os bancos. A mídia comemora os lucros cada vez maiores das instituições, utilizando adjetivos, depois de informar que o banco tal obteve “lucro recorde” no ano.Isso não é lucro. É transferência de renda. Lucro é outra história. É a dinâmica de uma atividade, que tem duas mãos – a que serve e a que é servida. No nosso caso, existe mão única – a sociedade é a realimentadora do enriquecimento, sem ter nada em troca.Como o Brasil vive na idade média do capitalismo, vez por outra temos arroubos, geralmente governamentais, sempre em detrimento da sociedade. Vejam agora o recente caso da Anatel. Na falta do que fazer, os plutocratas petistas decidiram mexer no modelo de tarifas do telefone fixo. Mexe-se num sistema que estava funcionando a contento há muito tempo. E faz-se uma alteração em prejuízo ao usuário. E isso, por incrível que possa parecer, também desagradou as empresas de telecomunicações. Espero que a Justiça impeça essa palhaçada. A Anatel também anunciou a criação do chamado telefone popular, que nada tem de popular, porque quem comprar vai ter de pagar para usar.É isso que dá entregar postos técnicos à companheirada. Essa turma quando não se locupleta, só faz besteira.

Luiz Malavolta é jornalista em São Paulo (luizmalavolta@hotmail.com)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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quinta jul. 20, 02:40:00 da manhã 2006  
Anonymous Anónimo said...

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Anonymous Anónimo said...

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quinta jul. 20, 02:40:00 da manhã 2006  

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