Não o remédio, mas a doença
(*)Roberto Pompeu de Toledo
É o que o Brasil pode acabar levando, aoimportar dos EUA o regime de cotas raciais
O último número da revista Inteligência desnuda, numa série de artigos, o mal com que o Estatuto da Igualdade Racial, já aprovado no Senado e à espera de votação na Câmara, e a conseqüente obrigatoriedade de cotas nas universidades, no serviço público e em outros setores, ameaçam o Brasil. A revista esclarece, para quem ainda não percebeu, que o Estatuto, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS), revoga o Brasil e institui outro país em seu lugar. Para começar, a tradição republicana de igualdade de todos perante a lei, consagrada na Constituição, é destruída em favor de "uma nova titularidade de direitos, cujo fundamento se encontra na raça, e não no indivíduo", segundo escreve a autora de um dos artigos, a cientista política Monica Grin. No plano das bases da sociedade, o Brasil é intimado a esquecer sua característica mestiça em favor da dualidade preto/branco. O que está em jogo, segundo o historiador José Roberto Pinto de Góes, autor de outro artigo da revista, é um "ambicioso projeto de reengenharia social, ao final do qual a sociedade brasileira terá substituído o orgulho da mestiçagem e da mistura pelo orgulho de ser negro ou de ser branco".
Não há dúvida, sempre é preciso repisar, que o Brasil se caracteriza por enormes disparidades e injustiças, e que políticas de ação afirmativa podem ser um recurso eficaz para combatê-las. O problema é basear tais políticas no conceito de "raça", e não de renda. "A idéia de raça é intrinsecamente má, foi concebida para discriminar, hierarquizar e oprimir", escreve Pinto de Góes. "O Estatuto da Igualdade Racial é uma lei racialista e promotora de diferenciações", acrescenta Monica Grin. Segundo a mesma autora, o Estado ganha, com essa lei, "amplos poderes de intervenção nas liberdades civis", pois passa a contar com "o poder de discriminar racialmente a sociedade".
Ao instituir legalmente a divisão do Brasil em branco e negro (qualquer nuance é ignorada, e os índios são esquecidos), o Estatuto da Igualdade Racial, além de colaborar para a fragmentação do país, cria para grande parte da população a dificuldade de encaixar-se de um ou outro lado. A historiadora Isabel Lustosa, autora de um terceiro artigo em Inteligência, confunde-se ao examinar a própria família: "Em que categoria caberiam meus tios paternos e maternos? Os com traços africanos e um antepassado escravo, mas que têm a pele clara, seriam considerados brancos? E os Lustosa, filhos de um comerciante de Cajazeiras que chegou a ter alguma fortuna, seriam considerados negros por causa da pele, apesar do cabelo escorrido e das perfeitas condições que tiveram para estudar em bons colégios?".
A idéia de reparação pelos malefícios da escravidão, um dos fundamentos do Estatuto, produz novas confusões. "Como um 'afro-brasileiro' pobre poderia convencer com plausibilidade seu vizinho 'branco' pobre de que ele é o culpado pela situação de pobreza em que ambos se encontram?", pergunta Monica Grin. Há o caso inverso do negro que foi possuidor de escravos. Pinto de Góes encontrou, na Sabará de 1830, uma quantidade de negros ou mulatos livres equivalente a três quartos da população total. Desses, 43% tinham escravos. Como indenizar os descendentes desses negros pelos males da escravidão se foram beneficiários dela? Os artigos de Inteligência contribuem com um choque de racionalidade contra a irracionalidade intrínseca aos argumentos baseados no conceito esquivo, falso e perigoso de "raça".
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Olhe-se o mundo em volta. A Europa convive mal e mal com suas populações muçulmanas. Os países muçulmanos eriçam-se contra os cristãos. Nos EUA, permanecem latentes as tensões entre brancos, negros, "latinos" e outros grupos. Em Israel, judeus e palestinos se estraçalham. No Líbano, cristãos e hezbollahs vivem em pé de guerra. Na Índia, hindus e muçulmanos. Na África, múltiplas religiões e etnias se estranham. Como será o mundo do futuro? A continuarmos na atual batida, a intolerância destruirá o planeta antes que o efeito estufa o faça. Se formos na direção oposta, vamos aprender a conviver com a diversidade e as sociedades terão diferentes religiões e cores de pele a conviver em paz. Quer dizer: o mundo ficará mais parecido com o Brasil. O Brasil conta com uma experiência que o qualifica como modelo de sociedade do futuro. No entanto, flerta com a opção de jogá-la fora.
A inspiração para a adoção das cotas "raciais" são os EUA. Seus defensores, mesmo sem saber, seguem a máxima do ex-embaixador em Washington e ex-chanceler (no regime militar) Juracy Magalhães, para quem "o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil". A quem acha que o problema do Brasil é parecido com o dos EUA, recomenda-se a leitura de autores como James Baldwin ou John Updike. Vai-se ver o que é racismo. Ao se comprar dos americanos o regime de cotas, é possível que se acabe levando não o remédio, mas a doença.
1 Comments:
REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !
Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br
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