:::Fantoches nunca mais::: "Alea jacta est!"

Política,sociedade e cultura.Para resumir em três tópicos seriam estes os temas pelos quais queremos sempre gerar uma polêmica ou expor nossos pensamentos.Todavia, no blog também há espaço para as coisas do coração,da alma e da vida que enxergamos de maneira peculiar e reagimos de maneira muito mais ímpar ainda.Aqui está aberto o espaço para nossas idiossincrasias.Boa leitura

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Vítimas



(*) Luiz Elias Miranda

As eleições 2006 estão chegando, no discurso da maioria dos políticos iremos encontrar referências à segurança pública, sua ineficiência e propostas para sua melhoria e advento de uma lei penal mais rigorosa em troca de nosso voto.
Farei uma pequena divagação, certo dia estava eu na fila do caixa eletrônico de certo banco, na fila (que estava uma pouco grande neste dia) as pessoas conversavam sobre um tem muito recorrente em nosso dia: a criminalidade. Um senhor falava que hoje os assaltantes estavam muito ousados, não tinham medo de mais nada. Depois disso ele começou a glorificar a China: “lá sim o Estado trabalha direito, o bandido morre e a família ainda paga a bala, andou fora da linha, bala na nuca”, em outro momento fez referências ao Islã: “no islamismo tem muita coisa que deveria haver no Brasil, os ladrões têm a mão direita cortada e algumas vezes os olhos ‘vazados’, além das chibatadas que os ‘cabras safados’ levam em público”.
Após demonstração de tamanha boçalidade, fiquei completamente enojado, como um ser humano pode glorificar extermínios em massa como acontecem na China (que é país que mais condena seres humanos à morte, ninguém sabe ao certo quantas pessoas são assassinadas por ano) onde não só criminosos são brutalmente mortos com tiros na nuca, mas todos aqueles vistos como indesejáveis pela ditadura do partido comunista que há mais de 50 anos pratica atrocidades contra o povo chinês?
Muitas pessoas vêem a criminalidade como uma opção, vejo que ela muitas vezes é a única saída para um jovem que cresceu rodeado pela miséria e vê no crime uma rota mais fácil para sair deste mundo indigno que é o da pobreza.
A população mais pobre do Brasil é multiplamente vítima de nossa estrutura social (que é vista por alguns como a mais flexível do mundo), a massa pobre do Brasil é vítima de um sistema eleitoral que tira proveito da miséria do povo para se perpetuar no poder, é vítima de um sistema econômico que pode ser visto como o mais desigual do mundo onde cerca de 15% da população mais rica concentra mais de 30% das riquezas produzidas no país, é vítima de um sistema educacional ineficiente que apenas se preocupa com quantitatividades para satisfazer órgãos internacionais que concedem empréstimos volumosos para os dirigentes do país e que acabam sendo mal-empregados.
Diante disso, ainda possuímos um vergonhoso sistema prisional que é um verdadeiro inferno, não reeduca nenhuma pessoa que por lá passe. Além temos o vergonhoso estigma da impunidade, quem ocupa as fileiras de nossos presídios são apenas aquelas pessoas que não podem pagar por bons advogados, infelizmente, os rigores da lei ainda são aplicados (em muitos casos) seguindo aquele velho dito popular: ‘prisão no Brasil só para pobres, pretos e p...’.
Por isso, importante é que enxerguemos melhor e não achemos que o Brasil é composto por uma raça de degenerados e que todas as pessoas inseridas na criminalidade estão lá por opção, muitas delas estão lá por faltas de oportunidade, são apenas vítimas de um sistema cruel e desumano.

(*) Luiz Elias é estudante de direito pela Universidade Estadual da Paraíba. E-mail: luizelias_recht@yahoo.com.br

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Faz um tempo que não visitava essa página, mas Manoel fez surgir a curiosidade de ver como anda isto aqui.
Ao abrir a página me deparo com um brilhante texto do querido "Lulu", queria mais uma vez te dar os parabéns Luiz, mas "apenas vítimas de um sistema cruel e desumano." Não concordo muito com isso...
Beijos!

segunda fev. 20, 12:04:00 da manhã 2006  

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